Presidente da comissão que acompanha a Transposição na AL, Carlos Matos demanda apresentação de estratégias pelo Governo do Estado
( Foto: José Leomar )
Apesar das chuvas que caíram no Estado nos últimos dias, deputados estaduais da Assembleia Legislativa demonstram preocupação com a necessidade de mais recursos federais para minorar os efeitos da estiagem, visto que a situação futura ainda é incerta. Na última sexta (3), por exemplo, membros da comissão que acompanha as obras da Transposição das águas do Rio São Francisco estiveram com representantes do Ministério da Integração Nacional a fim de tirarem dúvidas sobre o andamento das intervenções no Ceará.
O deputado Carlos Matos (PSDB) afirmou que acha pouco provável que as águas do São Francisco cheguem ao Estado em 2017, ressaltando ainda que o Governo deve se preparar para momentos difíceis no próximo ano. No encontro, ele cobrou um cronograma estratégico para os próximos meses.
"Não vindo, queremos saber as estratégias pensadas pelo Governo do Estado, ou paralisou? A Funceme não está tranquila, mesmo com o volume de precipitação dos últimos dias, porque a distribuição não podemos prever e ainda estamos sobre grave risco de seca", apontou.
Para Carlos Matos, é necessário provocar outras iniciativas e se preparar para o pior, visto que outras secas virão. O próprio governador Camilo Santana, lembrou o deputado, já anunciou que há risco para 2018. Ele também colocou em questão a situação da licitação para obras da Transposição, reclamação que é de outros parlamentares.
O presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (PDT), comemorou as chuvas que caíram sobre o Estado nos últimos dias, as quais contribuíram para a carga hídrica de reservatórios. No entanto, ele reclamou da demora de repasse federal para amenizar a seca, como prometido pelo presidente Michel Temer.
"Com todo o respeito ao presidente Temer, ele veio aqui e se comprometeu em repassar R$ 46 milhões de ordem de serviço para os recursos hídricos, e até agora só saíram R$ 10 milhões. O governador está bancando isso com muita dificuldade, que é dinheiro do contribuinte", citou.
Carlos Felipe (PCdoB) reclamou de mudança na forma de convênio do Governo Federal com o Estado, que antes ocorria diretamente com a Secretaria de Recursos Hídricos. Hoje, passou a enviar recursos para o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) que, segundo o parlamentar, já mostrou-se ineficiente. Ele também criticou a liberação de recursos para a Transposição sem que nova licitação para o eixo referente ao Ceará tenha sido liberado.
Defesa
Roberto Mesquita (PSD), por sua vez, achou estranhas as reclamações, uma vez que, segundo ele, a atual gestão liberou mais recursos ao Estado do que a administração da ex-presidente Dilma Rousseff. "É de se estranhar essas falas de atraso de repasses, quando os números mostram exatamente o contrário", disse.
Leonardo Araújo (PMDB) também ressaltou que o Governo Federal tem demonstrado espírito público ao atender aos pedidos do governador. "Essa crise foi ocasionada pelos governos Cid Gomes e Camilo Santana, que não entenderam que o Estado vive em uma seca permanente. É preciso combater a seca e aprender a conviver com ela, e não fazer disso uma 'indústria'".