A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo federal foi rechaçada, ontem, por parlamentares na Assembleia Legislativa do Ceará. Quem primeiro levou o assunto à tribuna foi a deputada estadual Silvana Oliveira (PMDB). Para ela, esta seria a maior preocupação do momento. "Não aceito e não entendo como uma mulher possa ter o mesmo tempo de contribuição para se aposentar. Não tem lógica porque a mulher trabalha muito mais", declarou.
Silvana, que pertence ao mesmo partido do presidente Michel Temer, pregou que haja mobilização das mais variadas frentes para evitar a aprovação da proposta. "Que através da Frente em Defesa da Mulher possamos resistir a isso. Eu já fiz requerimento para a nossa bancada evangélica federal para que ela possa interceder em nome das mulheres que precisam ter seus direitos assegurados", conclamou. "Sou do PMDB e sei que temos assuntos de extrema relevância para debater, mas também sou ciente que precisamos de uma reforma que seja justa e sensata", completou.
A reforma da Previdência enviada ao Congresso Nacional estabelece a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem, além do tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Atualmente, as mulheres podem pedir a aposentadoria com 30 anos de contribuição e os homens, após 35 anos de trabalho. Porém, para receber o benefício integral, os homens precisam atingir a fórmula 95, que é a soma da idade com o tempo de contribuição, e as mulheres, a fórmula 85.
Roberto Mesquita (PSD) também reconheceu a necessidade de ajustes na Previdência, mas afirmou que a reforma deve ser discutida sem oferecer prejuízos e assegurando justiça social. "É óbvio que a mulher, biologicamente falando, tem diferenças do homem. Que determinadas situações levam a mais estresse e elas precisam de menos tempo de trabalho. Há legitimidade na discussão, mas sem máscaras".
Já Moisés Braz (PT) disse que não é possível concordar que a reforma seja aprovada sem que haja debate. "A pauta é não da forma como está sendo colocada, elevando a idade mínima. Quem atua no meio rural sabe que as mulheres do campo têm cinco anos a menos por terem mais responsabilidade do que os homens", declarou.