"O desânimo entre os policiais civis neste ano de 2016 é generalizado. Poucas vezes, em 15 anos, vi um momento tão difícil como este", afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol-CE), Lucas Oliveira. Segundo ele, 2016 chegou com promessas de melhorias, mas elas foram se perdendo com o passar dos meses.
"No começo do ano parecia que as coisas iam melhorar. Foi feito um acordo com a categoria no fim de 2015 e nós esperávamos que o Governo reconhecesse, pelo menos, a nossa principal pauta, que era o aumento salarial com base no reconhecimento do nível superior. Havia um bom momento. Porém, com o passar do tempo o governador disse que já tinha cumprido seus compromissos com a categoria e gerou o impasse", afirmou.
Lucas Oliveira diz que a situação é de tensão e que é preciso que alguma coisa seja feita para que os policiais sejam motivados. "Eu nunca tinha visto essa situação na Polícia Civil. A Delegacia do Crato, por exemplo, que era um destaque e fazia um trabalho fantástico está há cem dias sem prender ninguém".
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Ele pontua que, caso o projeto de equiparação da média salarial do Nordeste seja encaminhado à Assembleia Legislativa, sem que a Polícia Civil esteja incluída, certamente a tensão será aumentada. "É preciso que esse aumento saia. Já há um festival de punições, inclusive indevidas. Há uma bagunça muito grande na Delegacia Geral. O momento é o pior possível, não podem apenas pedir que tenhamos mais paciência. Há uma mágoa do Governo por conta do movimento, mas isso é uma questão de Estado e não pessoal", afirmou.
Outra pauta importante, e histórica, do Sindicato é a retirada dos presos das delegacias. Lucas Oliveira diz que mesmo com fugas e resgates, não foi feito nada que resolvesse o problema. "Ficamos de mãos atadas, corremos riscos e mesmo assim temos que cuidar de presos". O representante da Instituição afirma que tem feito o possível pela categoria. "O Sindicato tem a consciência tranquila que faz tudo o que pode para que os policiais civis sejam reconhecidos pelo trabalho valoroso que fazem".
O presidente do Sinpol-CE diz que o Governo e a Secretaria de Segurança Pública não dialogam com eles e as negociações avançaram muito pouco. "Por incrível que pareça, a controladora (Socorro França) é a única que nos recebe e nos ouve. Acreditamos que a escolha do novo secretário será fundamental para que exista este diálogo. Alguma coisa precisa ser feita com urgência pela Polícia Judiciária ou teremos um 2017 ainda pior que 2016", afirmou.