Deputados estaduais cearenses discutiram, ontem, na Assembleia Legislativa, a atual conjuntura nacional, em razão dos últimos episódios, a partir da invasão do plenário da Câmara dos Deputados na quartafeira. Na Câmara Municipal de Fortaleza, os vereadores também trataram da invasão. Na Assembleia, o primeiro a discursar lamentando a situação do País foi Manoel Santana (PT). Ele relatou os episódios ocorridos no dia anterior de invasão do Plenário da Câmara Federal por um grupo de manifestantes, no mesmo dia a tentativa de invasão das dependências da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e o esentendimento
de ministros do Supremo Tribunal Federal, em plena sessão da Corte. Segundo o petista, os casos acendem um alerta no Brasil para a grave tensão gerada, não sendo possível saber onde tudo isso pode parar. "O que chama atenção é a simbologia do grupo que invadiu a Câmara em luta contra a democracia e pedindo que seja reimplantada a ditadura, que significa violação de todos os direitos, colocar o Poder nas mãos de pessoas sem limites para fazerem o que bem querem", relatou. "Se a invasão ocorresse em um período de ditadura todos eles estariam presos e seriam torturados". "Preocupame mais ainda ver o bateboca entre ministros, o que evidencia a crise forte dentro do Poder Judiciário. Vemos no dia a dia uma verdadeira disputa por posições políticas entre ministros do STF. Eles devem estar acima de tudo e passar a
segurança jurídica de nossos direitos", contou Santana, ao fazer referência ao episódio proporcionado pelos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, na mesma quartafeira. "Depois disso, vimos a tentativa de invasão na Assembleia do Rio de Janeiro, gerando conflito entre servidores e policiais contra a tentativa do governo do Rio de Janeiro confiscar bens para cobrir o buraco que foi criado", disse o parlamentar.
Plenário
Em aparte o deputado Carlos Felipe (PCdoB) também manifestou sua preocupação com a "crise institucional" e apontou que a ruptura promovida pelo impeachment não trouxe as soluções que eram prometidas. "As instituições não chegaram ao equilíbrio que muitas forças achavam que chegariam. O que se vê são vários movimentos sociais sendo criminalizados. Agora, a invasão da Câmara foi um ato extremo", definiu.
"Diante do que acontece no Brasil, na manhã desta quintafeira o Plenário deveria estar lotado e as galerias cheias de representantes do povo, mas o que parece é que nada está acontecendo no País", apontou o deputado Fernando Hugo, o orador seguinte, ao demonstrar frustração com a ausência de seus colegas no plenário. Ele aproveitou o espaço para criticar as falas de seus antecessores e classificou que o Brasil passa por momento dificílimo, onde a "vocabularidade" maior resumese a colapso, caos e coisas que talvez não expressem a grandeza da "imensa interrogação" sobre para onde se caminha.Como já havia feito em outras oportunidades, Fernando Hugo desferiu críticas às invasões de escolas e outros equipamentos públicos. "Quem inventou essa prática de ocupações de órgãos públicos foi a esquerda comandada pelo PT. Quantas vezes terras foram ocupadas, para ficarem delinquentemente quebrando estruturas físicas? Agora, não satisfeitos pós a derrocada, depois da eleição que tragicamente levou à situação caótica ocupam escolas onde professores querem dar aula. É um grupo tonificado pelos esquerdistas em delinquências comportamentais que já levaram até a óbito", exclamou.
Convencer
Em aparte Ely Aguiar (PSDC) afirmou que a liberdade de imprensa, de expressão e de manifestação cultural não seria prática de comunistas. "Comunismo é repressão, pancada, cadeia, tudo o que se possa imaginar. Agora vêm com discurso fora da realidade, numa tentativa de confundir a opinião pública, como fazem, por exemplo com a transposição, que tentam colocar a culpa (do atraso das obras) em um governo que mal se instalou". Carlos Felipe pediu espaço para dizer que há ato que não dá para fechar os olhos. "Não dá para convencer que os alunos estão ocupando as escolas incentivados por partido A ou B. Eles
não concordam com a forma como está proposta a reforma do ensino médio e também contra a PEC 241 (55 no Senado), que vai restringir o acesso de alunos à universidade pública. Ninguém está para defender a ditadura". Silvana Oliveira (PMDB) discordou que as ocupações devam ser considerados movimentos democráticos. "Estudantes impedem outros de estudar e não vejo isso como manifestação
democrática. Falo em nome dos pais e mães que querem seus filhos nas escolas, mas estudando.