As 4.492 seções eleitorais, divididas em 13 zonas em Fortaleza, foram cobertas por 2,5 mil homens do Exército. Eram militares dos quartéis daqui e de unidades de Crateús, Picos (PI), Teresina, Petrolina e Garanhuns (PE)
Independentemente do número de ocorrências ligadas ao segundo turno das eleições em Fortaleza, a presença do Exército nas zonas eleitorais da capital cearense inibiu conflitos de maior gravidade envolvendo policiais militares durante a votação que reelegeu o prefeito Roberto Cláudio (PDT). De acordo com o desembargador Antônio Abelardo Benevides, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE), “foi essencial” para a paz pública a atuação dos militares federais.
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Relatórios de órgãos de investigação, a exemplo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS), apontavam a necessidade de redimensionar o papel da Polícia Militar nos locais de votação. “A PM não foi excluída do esquema de segurança do pleito neste segundo turno, nos ajudou imensamente. Mas o momento era de apreensão”, afirmou Abelardo Benevides.
O 2,5 mil homens do Exército empregados em Fortaleza criaram uma área ostensiva de isolamento nos locais de votação e no entorno delas. De acordo com Abelardo Benevides, os militares conseguiram cobrir ou circular nas 13 zonas eleitorais ou chegar onde teve problema nas 4.492 seções espalhadas pela Capital. Em um colégio no José Walter, homens do Exército precisaram intervir após a abordagem de PMs a eleitores de RC.
Ocorrências
Na 115ª zona eleitoral, sediada na Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Itaperi, o coronel do Exército Wlasmir Cavalcanti, responsável pela segurança, avaliou que havia a necessidade de dobrar para 16 o efetivo. “São muitos eleitores aqui (mais de 11 mil para 29 seções, no maior colégio eleitoral de Fortaleza) e decidi reforçar”, disse o militar.
Além do grande fluxo de pessoas ali, durante o período da manhã os fiscais do candidato Capitão Wagner (PR) tinham acionado o coordenador do TRE, Francisco Evangelista Ramos, para que resolvesse um impasse. Eles reclamavam das roupas amarelas que os fiscais de Roberto Cláudio estavam usando nas salas onde ocorria a votação. “Não pode. Dentro da seção, quem está trabalhando para um ou outro candidato tem de vestir cor que não seja o amarelo nem o azul”, alertava o representante do TRE na 115ª zona.
Sempre acompanhado de três militares do Exército, Francisco Evangelista percorreu alguns corredores e salas pregando o aviso. Primeiro de alerta. Depois, “se houver necessidade, aplicaremos o que diz a legislação eleitoral e retiraremos quem desobedecer”, explicava.
Outra medida fundamental, adotada pelo Exército, foi recomendar ao eleitor que, após votar, deixasse o local para evitar qualquer problema entre adversários. “Ainda mais para evitar aglomeração e manifestação política”, detalhava Francisco Evangelista.
Números
O Exército atendeu a 90 denúncias e quatro resultaram em prisões. Duas referentes a suposta compra de votos, uma boca de urna e um desacato. Entre os presos, o sargento Antônio Orlando da Silva.
Já a Polícia Federal (PF) fez 11 detenções que deram em sete procedimentos. Segundo o delegado Delano Brun, superintendente da PF no Ceará, foram dez relacionadas a boca de urna e uma por propaganda irregular. (colaboraram Letícia Lopes e Irna Cavalcante)
NÚMEROS
614
locais de votação foram policiados por militares federais, em Fortaleza. O reconhecimento das áreas foi feito previamente
290
veículos foram usados pelo Exército. Muitos deles da Operação Pipa, de distribuição de água no Semiárido nordestino
SAIBA MAIS
O promotor eleitoral Marcus Renan, designado pelo TRE para acompanhar o 1º e o 2º turnos das eleições de Fortaleza na Coordenadoria de Operações de Segurança (Ciops) da SSPDS, foi o primeiro a alertar para a necessidade do emprego do Exército no pleito da Capital. No último dia 2, ele já havia antecipado o cenário.
O TRE baixou de 37 para 25 ocorrências de supostos crimes eleitorais registradas pelo próprio órgão. Uma falha no recebimento dos dados teria causado uma distorção na contagem.
120 urnas foram substituídas pelo TRE durante a votação desse domingo. Foram 106 em Fortaleza e 14 em Caucaia. No 1º turno, 232 apresentaram algum defeito só na Capital.