Casos recentes de violência em delegacias e a quebra de um suposto acordo de paz entre facções criminosas que atuam no Ceará foram destaque na sessão de ontem da Assembleia Legislativa. O deputado Ely Aguiar (PSDC) externou sua preocupação com a situação do sistema penitenciário do Estado. Segundo o parlamentar, há muito para se avançar em termos de segurança, e o sistema prisional cearense está provando a sua falência após os últimos acontecimentos nas penitenciárias.
“As facções criminosas estão se estabelecendo no nosso Estado e dando ordens criminosas de dentro dos presídios. Vimos um vídeo nas redes sociais onde a cabeça de um detento degolado servia de bola para uma partida de futebol, e hoje o que falam é que os presídios serão dinamitados”, relatou.
Para Ely Aguiar, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado precisa adotar ações efetivas. “Aqui ninguém tem segurança, nem mesmo a Polícia. Estão mantendo um rapaz muito sonhador na Secretaria da Justiça e a situação não pode mais esperar. Precisamos encontrar alternativas. Que convoquemos os deputados federais para rever as leis. Os presídios estão superlotados e não recuperam ninguém”, opinou.
O parlamentar enfatizou que agora o necessário é uma ação mais efetiva para conter a violência, pois o que está sendo feito não está surtindo efeito. “O Governo deu uma entrevista falando da redução das mortes violentas. Naquele mesmo momento, os bandidos invadiram a delegacia, libertaram os presos e fugiram no carro da Polícia”, disse.
O deputado estadual Capitão Wagner (PR), que também é candidato à Prefeitura de Fortaleza, também usou a tribuna para tratar do tema. O parlamentar citou o caso do assalto seguido de resgate de presos e roubo de uma viatura para fuga, que aconteceu na delegacia do Bairro Otávio Bonfim este mês. Na ação, algumas pessoas que esperavam atendimento foram assaltadas e armas de policiais foram roubadas.
“Os bandidos sequer tiveram o cuidado de cobrir o rosto. Eles estão se sentindo donos do Estado do Ceará. O crime está determinando o que o cidadão pode fazer, determinando o direito de ir e vir. Os bandidos estão determinando até em quem as pessoas devem votar. Isso é perigoso demais porque quando o crime se infiltra contamina o processo de votação”, enfatizou.
Capitão Wagner comentou também a notícia dando conta de que duas facções criminosas teriam quebrado um suposto acordo de paz, e criticou a atuação da Secretaria da Justiça e Cidadania, bem como a permanência da equipe que está à frente da pasta. “Não entendo porque não tem mudança da secretaria”, pontuou.
Durante o debate, o deputado Fernando Hugo (PP) disse que a evolução do crime organizado no Brasil é perceptível e que os acordos de paz entre facções e a coação para que a população vote em um candidato é absurda. Ele falou que é preciso dar “mais fôlego para a Polícia repressiva. Um PM não pode reprimir como 25, 30 anos atrás”, afirmou.
Cobrança
O deputado sugeriu que a Casa cobre do Governo a instalação dos bloqueadores de celular nos presídios, e também criticou a demora da Assembleia em discutir e votar o projeto de lei complementar da Defensoria Pública do Estado, que trata da isonomia de subsídios dos defensores em relação às demais carreiras do Sistema de Justiça do Estado.
Já o deputado Roberto Mesquita (PSD) cobrou que a Assembleia instale a CPI do Narcotráfico, enquanto o deputado Audic Mota (PMDB) comentou, em tom de crítica, a postagem do ex-secretário Ciro Gomes, que declarou que haveria um planejamento para criar eventos criminosos chocantes com o objetivo de alterar o resultado das eleições.
O deputado Dr. Sarto pediu aparte para destacar ações do Governo Camilo Santana na Segurança, como a lei das promoções para policiais, as contratações de PMs e melhorias nas condições de trabalho. “Não podemos tirar o mérito da Segurança do Estado e atribuir a um pacto entre comandos criminosos”, afirmou o parlamentar.