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Quarta, 19 Outubro 2016 05:22

Coluna Politica

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As verdades relativas da política Um galpão de medicamentos se tornou o assunto mais palpitante da sucessão municipal em Fortaleza. Diferente do jogo sujo e subterrâneo que a coluna abordou ontem, essa questão é verdadeiramente relevante. A história era bastante nebulosa em princípio. Agora, começa a ficar mais clara. E me parece evidente que, ao menos no primeiro momento, ninguém foi realmente claro sobre a situação. Vamos à polêmica:   1) A discussão começou com a afirmação da campanha do Capitão Wagner (PR) de que o galpão de medicamentos apresentado como novo e como sendo da Prefeitura seria, na verdade, de “organização privada que já existe”. No caso, o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). E isso é verdade. O galpão é do ISGH. Embora o uso, segundo informa o ISGH e a Prefeitura, seria exclusivo da administração municipal.   2) Wagner vai além. Ele afirma que a central abastece todos os 184 municípios do Ceará. Isso, segundo a Prefeitura, não é verdade. O equipamento seria destinado exclusivamente para abastecer a rede de saúde de Fortaleza. Todos os medicamentos ali disponíveis pertenceriam à Prefeitura, portanto. De modo que, segundo a informação da Prefeitura, não é verdade.   3) O que Roberto Cláudio enfatizou ontem é que seu programa não havia afirmado que ele “construiu” a central. Mas sim que ele “montou” a central. Que o local teria sido estruturado para assim atuar na gestão Roberto Cláudio. E, realmente, ele falou que montou, não que construiu. Ocorre que a afirmação induz o espectador ao erro. Quando Roberto Cláudio afirmou que ele montou a nova central de medicamentos, o que você pensa? A mim fica a indução de que era uma coisa que não existia e foi criada pela atual gestão. E que pertence à Prefeitura. Isso não procede. Não foi dito assim, com todas as letras. Mas, induziu o eleitor ao erro.   Ontem, o programa de Roberto Cláudio foi mais claro e colocou as coisas no lugar. Reconheceu que não construiu o local e que ele pertence ao ISGH, não à Prefeitura. Também afirmou que o programa de Wagner não falou a verdade quando diz que os 184 municípios seriam atendidos pela central. Porém, o programa original, no mínimo, induzia ao erro.   De modo que minha conclusão, até o momento, é de que o Capitão Wagner fez acusação que em parte não procedia. E Roberto Cláudio, antes, havia feito programa que, no mínimo, levava o espectador a conclusão equivocada. Nenhum dos dois agiu de forma propriamente correta.   INTERROGAÇÕES QUE PERMANECEM Há muito ainda por esclarecer. Em que consistia a “montagem” da central, à qual Roberto Cláudio se refere. Se o equipamento já existia, o que mudou? Qual a novidade? Qual a inovação? Afinal, a Prefeitura já comprava e distribuía medicamentos antes de Roberto Cláudio ser prefeito. Então, o que mudou? Isso não ficou claro.   Também não foi possível à reportagem do O POVO fazer o que o candidato à reeleição fez no programa de ontem. Ele foi até lá e mostrou a central. Desde o fim de semana, O POVO pede para ir lá. Não como parte de uma das campanhas, mas para fazer verificação própria. Aliás, quase ao mesmo tempo em que o prefeito estava lá, a equipe de reportagem tentava entrar no equipamento que é dito público. Não recebeu autorização. Dias depois, a entrada ainda não foi permitida. O que escondem não sei.   De modo que não é possível atestar mesmo se os medicamentos são todos da Prefeitura ou se atendem mais municípios. Até agora, fica a versão da Prefeitura e do ISGH contra a da campanha adversária. Aliás, o ISGH não é problemático de hoje. O instituto que movimenta milhões é marcado pela pouca transparência. Obscuridade em alguns casos. Embora seja apêndice da gestão pública, ele raramente se presta a dar satisfação ao público que paga suas contas   A RAIZ DO PROBLEMA Para além da polêmica sobre quem mentiu e quem falou a verdade, o pano de fundo da discussão é talvez o problema mais grave da Prefeitura hoje: a distribuição de medicamentos. Cuja sistemática mudou há poucos meses. A questão talvez mais relevante hoje é discutir se a parceria com o tão controverso ISGH é mesmo o melhor mecanismo de gestão desse sistema. Os resultados até agora não justificam o poder e o dinheiro deixado nas mãos do instituto.
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