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Terça, 11 Outubro 2016 04:51

Coluna Politica

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Após a primeira pesquisa deste 2º turno, realizada pelo Datafolha e divulgada com exclusividade pelo O POVO, é possível dizer que Roberto Cláudio (PDT) já venceu a eleição? A resposta é não por série de razões. O eleitor ainda não votou e ainda pode mudar de posição. Há três semanas de campanha pela frente, durante as quais fatos novos podem surgir. Além disso, nunca se tem certeza de que a pesquisa conseguiu captar o real sentimento do eleitor. Então, muita coisa ainda pode acontecer e a eleição não está decidida. Essa é uma perspectiva. Outro olhar é histórico.   Para vencer, Capitão Wagner (PR) terá de fazer algo que ninguém antes fez. O 2º turno foi instituído pela Constituição de 1988. Em Fortaleza, foi realizado em 2000, 2004 e 2012. Nas duas primeiras, venceu quem liderou as pesquisas durante todo o 2º turno. Em 2012, o mais parecido que se viu com uma virada. Roberto Cláudio, então no PSB, tinha cinco pontos de desvantagem em relação a Elmano de Freitas (PT) no primeiro Datafolha. Era empate técnico. A diferença caiu até eles chegarem rigorosamente iguais no dia da eleição. RC, como se sabe, venceu.   Nos outros casos, quem largou na frente nas pesquisas do 2º turno ganhou. Em 2000, Juraci Magalhães, no PMDB, começou empatado tecnicamente com Inácio Arruda (PCdoB). Eram cinco pontos de frente. Abriu para 13 pontos na pesquisa seguinte, depois 22 pontos. Na última pesquisa, tinha 20 pontos de frente. Nas urnas, porém, a diferença foi bem menor: 7,94 pontos. Em 2004, Luizianne Lins (PT) começou o 2º turno 12 pontos à frente de Moroni Torgan. Terminou 13 à frente. Em votos válidos, tinha 57%. Foi eleita com 56,2%.   Wagner está 14 pontos atrás de Roberto Cláudio. Reverter desvantagem como essa nunca aconteceu. Aliás, nunca saiu vitorioso candidato que não estivesse pelo menos tecnicamente empatado na dianteira no começo do 2º turno. Não quer dizer que isso não vá acontecer. Quer dizer que, caso consiga, o Capitão terá realizado feito inédito.   Mas se em 2004 a pesquisa Datafolha acertou na mosca o resultado e, em 2012, o resultado do 2º turno estava dentro da margem de erro, em 2000 houve diferença considerável. Que as pesquisas não sejam exatas é sempre a esperança de quem está atrás. Em que pese que, dessa vez, o Datafolha também foi bastante preciso ao projetar o 1º turno.   Como faltam 19 dias para a eleição, é certo que Wagner fará o possível para tentar vencer. Pelo menos, aproximar-se de Roberto Cláudio. A interrogação que se coloca sobre a eleição na Capital é para onde irá a campanha do Capitão. Que coelhos poderá tirar da cartola.   O IMPERATIVO DE ARRISCAR A campanha de Roberto Cláudio tem seguido praticamente o script das vitórias de Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT) no Estado e do próprio RC na Prefeitura. Como linguagem, é monótono, repetitivo e sem surpresas. Mas, convenhamos, funciona. Já a campanha de Wagner traz mais novidades. Inova e fala mais à emoção. Estabelece relação de maior empatia com o eleitor. Ajudou o Capitão a abrir folgada vantagem sobre os concorrentes no 1º turno, depois de estar em empate técnico com Luizianne Lins (PT) nas primeiras pesquisas. Até aqui, funcionou para o objetivo traçado. Agora, precisará ir além.   Para Wagner ter chance, sua campanha terá de ser mais ousada. Correr riscos. E aí, ou os estrategistas se consagram, ao conseguirem o improvável, ou levam a candidatura de vez ao naufrágio. O segundo caso costuma ser o mais comum. A necessidade de inovar já levou a situações verdadeiramente constrangedoras. Até porque, para ganhar, Wagner precisará tirar votos de RC. O caminho mais óbvio para isso é bater. O que sempre aumenta o desgaste não apenas de quem apanha, mas também de quem bate.   No 1º turno, a campanha de Wagner não foi agressiva. Criticou a situação da Cidade, sobretudo na segurança e na saúde. Mas não atacou diretamente Roberto Cláudio. Sempre com lugar assegurado no 2º turno, ele não precisou arriscar mais. Agora é diferente. Pode ser que, se agir diferente, Wagner suba. Ou quem sabe corroa parte do capital político construído na campanha.   O Capitão pode fazer campanha de administrar o resultado que tem. Dialogar com o eleitor e buscar se consolidar. Com isso, dificilmente vai vencer, mas se consolida para disputas futuras. Ou então vai para o tudo ou nada. As próximas semanas dirão o caminho que irá escolher.
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