ana das eleições, a população pode não ter definido ainda seu voto, mas já formou opinião sobre a identidade dos postulantes a prefeito de Fortaleza. De acordo com a pesquisadora de mídia e eleições, Paula Vieira, os resultados do O POVO/Datafolha mostram como a propaganda política e o histórico influenciam o eleitorado.
Por um lado, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) é visto por 44% dos entrevistados como o mais realizador. Por outro, 40% apontam o candidato como aquele que governará para os ricos, se reeleito.“Realizador: obra é algo que chama a atenção. As pessoas tendem a visualizá-las no cotidiano: viadutos, binários, túneis. De fato, se pararmos para olhar, muitas delas foram levantadas em lugares onde os ricos transitam”, avalia Paula.
Construções são destacadas com frequência no programa de televisão do prefeito. Um dos motes de sua campanha tem sido: “para cada ataque, vamos apresentar uma obra realizada”. Os adversários de RC buscam atribuir-lhe o rótulo de prefeito dos ricos e aquele que prima pelo concreto em vez de pessoas. Para Paula, as mudanças na cidade também colaboraram para o prefeito se destacar como moderno.
No caso de Capitão Wagner (PR), ele é considerado autoritário (44%), mas percebido como quem vai atender os anseios dos mais pobres (28%). “Capitão Wagner cresce nas periferias. Todo programa, ele traz essa identidade, de alguém que cresceu pobre, mas teve sucesso. Por ser policial, é associado à autoridade. Tem esse viés”, analisa Paula.
O candidato admite a dificuldade de suavizar a imagem de autoristarismo atrelada à sua profissão. “Acho que já está provado que governos autoritários não funcionam. De forma alguma será nosso caso”, argumenta Wagner. Ele credita o marketing de sua campanha pelo bom resultado como inovador. “Alguns candidatos estão ate tentando copiar nosso formato (TV e redes sociais). Se estão fazendo isso é porque ele é bom”, afirma.
Já a terceira colocada em intenções de voto, Luizianne Lins (PT), aparece como menos autoritária e como uma das que privilegiaria os mais pobres se conseguisse se eleger. “É um indicativo claro de como as pessoas perceberam nossa administração voltada para pessoas com menos recursos”, diz o coordenador de campanha do PT, Waldemir Catanho.
No entanto, 20% dos entrevistados acreditam que ela faz promessas que não pode cumprir - em empate técnico, dentro da margem de erro de três pontos percentuais, com RC (18%) e Wagner (14%). No quesito “realizador”, Luizianne empata com Wagner em 2º lugar (16%). “Dá pra perceber que o governo da Luizianne deu prioridade aos direitos sociais e humanos. Como ela diz ‘cuidou das pessoas’. Mas isso não dá visibilidade, não chama atenção, retorno imediato. É mais a longo prazo”, diz Paula.
Ela justifica que por ter obras não concluídas, como o Hospital da Mulher que foi entregue sem funcionar plenamente, a candidata teve imagem prejudicada na análise de seu legado.