Às quartas-feiras, por volta das 19 horas, a feirante de 35 anos monta mesa de madeira na calçada da rua José Avelino, no Centro, para expor e vender blusas, saias, shorts, calças e vestidos. Só sai de lá na manhã do dia seguinte, quando encerra o horário permitido pela Prefeitura para a comercialização de produtos em via pública. “O povo gosta de comprar roupa na rua”, diz, com convicção.
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Regulamentar o comércio de rua é preciso
A pesquisa O POVO/Datafolha mostra que a população, na prática, se divide em relação ao assunto. 46% dos entrevistados são a favor da retirada de vendedores ambulantes dos espaços públicos do Centro, 46% são contra, 5% são indiferentes à questão e 3% não sabem o que opinar.
Na corrida pelo poder executivo, todos os candidatos à Prefeitura de Fortaleza se comprometem a regulamentar o comércio informal no Centro. Embora pareça simples, a questão requer dedicação e diálogo constantes.
Com 448 mil desempregados no Ceará, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), o comércio informal atrai como forma de sustento e, portanto, tende a crescer. É sabido que estão na informalidade ao menos três mil ambulantes no Centro, mas, até agora, somente 1.471 foram cadastrados pela Secretaria Regional da área.
O que leva quase metade da população entrevistada a querer a retirada do comércio informal de ruas, calçadas e praças é que o inchaço do setor pode dificultar o ir e vir.
Para o presidente da União dos Feirantes no Ceará, Heron Moreira, os trabalhadores não têm interesse em ocupar desordenadamente o Centro. Eles requerem espaço para vender os produtos. E nem todos podem custear o aluguel em galpões. “Feira, em sua essência, é na rua. A Prefeitura é que tem que fazer todo o trabalho de organização”, defende Heron.
Por enquanto, conforme ele, estuda-se realocar os feirantes para propriedades negociadas com a iniciativa privada, na avenida Filomeno Gomes.
Pesquisa
Dos 46% entrevistados que se mostraram favoráveis à desocupação, 52% têm 60 anos ou mais, 48% possuem nível superior e 53% têm renda familiar mensal de mais de cinco salários mínimos. Dos 46% contrários, 53% têm entre 16 e 21 anos, 48% possuem nível médio e 42% ganham até dois salários mínimos.
Já na relação com a intenção de votos, aqueles que mais se mostram a favor da desocupação têm intenção de votar em Luizianne Lins (PT) e em Roberto Cláudio (PDT). Contrários à desocupação estão, prioritariamente, eleitores de Capitão Wagner (PR).
A pesquisa foi realizada nos últimos dias 8 e 9. Foram entrevistadas 816 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais.