Candidatos à vice-prefeitura de Fortaleza, em debate realizado pela TV O POVO na noite de ontem, seguiram a mesma linha argumentativa dos titulares, que se enfrentaram no último domingo, 4, e mantiveram em discussão assuntos polêmicos envolvendo saúde e educação na Capital.
Moroni Torgan (DEM), na chapa do prefeito Roberto Cláudio (PDT), teve o papel de defender o atual gestor dos questionamentos feitos pelos candidatos de oposição.
Atual vice-prefeito e agora na chapa de oposição a RC, Gaudêncio Lucena (PMDB) partiu para o ataque contra a atual administração.
A estratégia vem sendo adotada tanto por Luizianne Lins quanto por Capitão Wagner (PR) nos debates realizados até o momento.
Assim como Luizianne já havia priorizado no domingo, Elmano de Freitas, seu candidato a vice, voltou a questionar a gestão sobre o fechamento de laboratórios de informática e "falta de remédios nos
postos de saúde".
Jargões críticos da ex-prefeita foram usados pelo candidato a vice ao afirmar, por exemplo, que Fortaleza possui a "pior gestão da
história na saúde".
Moroni destacou a entrega de postos de saúde por RC e a construção de UPAs na Capital, buscando negar a ineficiência denunciada por opositores na administração da saúde.
Segundo Moroni, ainda há muito o que fazer na área, mas houve avanços principalmente na eliminação das filas para atendimento da população.
O tema vem ganhando destaque no debate eleitoral após pesquisa O POVO/Datafolha trazer a alta taxa de reprovação do fortalezense em relação ao tema.
Devolvendo o questionamento feito por Roberto Cláudio a Capitão Wagner no enfrentamento de domingo, Gaudêncio colocou a cultura em discussão, criticando o não cumprimento de recomendação da Unesco de investimento de 1% do orçamento municipal no setor.
Moroni destacou a "Cultura nas Praças", que promove programações em espaços públicos, prometendo ampliar ações do gênero no caso de vitória nas urnas em outubro. O peemedebista propôs "pagar em dia" editais de artistas de Fortaleza, que, segundo ele, teriam sido atrasados pelo atual governo.
Debate propositivo
As duas horas de debate entre os candidatos se deram em tom de harmonia e de proposição de ideias. Nenhum dos postulantes utilizou o pedido de direito de resposta, que é solicitado quando alguém se sente ofendido durante a sabatina.
O debate da TV O POVO teve sete blocos e duas horas de duração, começando às 18 horas e terminando às 20 horas. O programa foi apresentado pelo jornalista Luiz Viana. Foram convidados os seis candidatos de coligações que possuem pelo menos nove deputados na Câmara dos Deputados.
SAIBA MAIS
Candidata a vice de Ronaldo Martins (PRB), Nina Carvalho criticou a atuação da gestão Roberto Cláudio (PDT) com relação às creches em tempo integral. Na área da educação, ela prometeu investir no Imparh para ampliar a qualificação no turismo de Fortaleza.
O vice de Heitor Férrer, Dimas Oliveira, destacou que é “inadmissível” que não existam políticas públicas dirigidas ao turismo. “Precisamos colocar internet na cidade toda, não só na Beira Mar, para incentivar essa cadeia produtiva.” Dimas, além de defender a proposta de Heitor em relação à retirada de parte dos fotossensores, destacou também a importância de que o poder público acompanhe o jovem no exercício de sua vocação.
O vice de Tin Gomes (PHS), Nilton Araújo, prometeu governar para a periferia. “Nosso projeto, em quatro anos, não dá para se concluir. Vamos reduzir cargos para investir na população”, disse. “Nossa plataforma de humanização vê na família o plano básico”, afirmou.
BASTIDORES
Formato do debate
Elogios dos candidatos
Candidatos elogiaram o formato do debate por ser em temas livres e oferecer oportunidade para aprofundamento de discussões diretas entre todos.
Oposição e governo
Ex-aliados
Moroni, antes opositor de RC, se vê na condição de defender o prefeito. Gaudêncio, atual vice-prefeito, se comportou puramente como opositor. A relação foi descontraída nos bastidores.
Compromisso
Gestão municipal
Moroni garantiu que, no caso de eleito vice-prefeito, assumirá e cumprirá o mandato até o fim. Em outro momento, Gaudêncio colocou no ar a possibilidade de renúncia de Moroni para continuar como deputado federal.
Futebol e eleição
Ferroviário
Minutos antes do início do debate, Moroni confidenciou ser torcedor do Ferroviário desde 1984, quando chegou para morar em Fortaleza. Gaudêncio cutucou o opositor afirmando que político geralmente diz que torce para o Ferrim para não criar “inimizade” com torcedor do Ceará e do Fortaleza. Elmano, atento à conversa, soltou: “Eu sou Ceará e não nego a ninguém”. Moroni riu sem contestar o vice-prefeito.
Economia
Situação do País
Embora candidatos para uma eleição municipal, o debate no camarim não deixou de discutir assuntos do País. Tanto Moroni quanto Gaudêncio criticaram as altas taxas de juros na economia brasileira.