Apesar de contar com vários dos personagens das eleições de 2012, a disputa eleitoral deste ano, em Fortaleza, apresenta muitos pontos diferentes daquele pleito. Antes com a máquina administrativa a seu favor, a petista Luizianne Lins agora atua na oposição, enquanto que Roberto Cláudio, à época desconhecido da população, busca apresentar feitos de sua gestão em algumas áreas da cidade.
O deputado Heitor Férrer, que na ocasião figurou na terceira posição no primeiro turno, agora, em um partido com menor expressão, o PSB, se aliou à recém-criada Rede Sustentabilidade. Em 2012, no PDT, ele havia contado com o apoio do PPS. Já Capitão Wagner (PR), que naquele ano era eleito como o vereador mais bem votado de Fortaleza, atualmente participa da primeira disputa da carreira a um cargo majoritário.
De acordo com Roberto Cláudio, na campanha de 2012, o maior desafio foi se tornar conhecido, visto o baixo índice de conhecimento que a população tinha dele nas primeiras pesquisas divulgadas, quando aparecia com 1% das intenções de voto. "Tive a oportunidade de me apresentar para a cidade e mostrar o que eu pensava para o futuro da cidade", lembrou.
Segundo considera, a campanha de 2016 é diferente, e o principal desafio, agora, é divulgar as realizações de sua gestão em Fortaleza. "Por mais que eu ache que elas sejam conhecidas, ainda há um universo da população que não conhece. O desafio é massificar as realizações principais, ao mesmo tempo que temos que nos comprometer que essas realizações vão garantir melhoria", ressaltou.
Nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza em 2012, Heitor Férrer estava no PDT com melhor estrutura e com mais representação do que o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que deu legenda para que disputasse o pleito deste ano.
De acordo com o pessebista, a experiência diz que, agora, tem que se desdobrar para compensar a falta de uma coligação mais estruturada, como foi em 2012. "Estou mais ligado nisso. Tenho que fazer o meu papel e seguir minha campanha sem saber quem são os outros candidatos. Vou caminhar na minha campanha levando propostas para que o cidadão saiba que aquilo é o melhor para ele", disse.
Há quatro anos, o deputado Capitão Wagner se candidatou a vereador e conseguiu o maior número de votos para a Câmara Municipal de Fortaleza. Em sua primeira disputa majoritária, no entanto, ele ressalta que, além do pouco tempo de campanha, há uma maior qualidade nos candidatos que foram apresentados para a disputa. "Eles são mais competitivos que naquela época. A partir do debate a gente vai perceber esse diferencial".
Tempo reduzido
Segundo a candidata do PT, Luizianne Lins, a diferença desta eleição em relação à anterior está no menor tempo de TV pela falta de coligação, assim como nos novos prazos do calendário eleitoral. No entanto, ela não acredita que isso vá prejudicar a campanha, sob o argumento de que sua gestão deixou um legado que será lembrado e ressaltado nos próximos dias durante a disputa. Em 2012, além de ter a força da máquina, Luizianne Lins, que apoiou Elmano de Freitas, tinha ao seu lado o apoio de alguns partidos, o que não se repete em 2016.
"Eu tenho uma percepção de que a diferença é que, oito anos depois de governar a cidade, estamos mais preparados. A gente tem muito mais tranquilidade para saber trabalhar e encontrar soluções", disse a petista. Segundo ela, por conta disso, a candidatura se encontra em outro patamar, com mais segurança e facilidade para lidar com as dificuldades. "Estou, particularmente, muito animada. Estou vendo as perdas que a cidade tem tido e querendo mudar essa situação".
De acordo com Luizianne, nos oito anos em que governou a cidade foram muitos os ganhos e, agora, a Capital necessita de um governante que pense os problemas do Município como um todo. "A cidade rica precisa dialogar com a cidade pobre, não deixando de fazer o que é invisível. Tem coisas que não aprecem, que são mais importantes do que as que são vistas", sustentou.
Candidatos a vereador
Ela afirmou, ainda, que está tendo um desafio a mais por ter menos candidatos a vereador pedindo votos para sua candidatura, visto que o PT, com chapa pura, indicou apenas 42 nomes para a disputa. Em 2012, Elmano de Freitas, candidato do PT derrotado no segundo turno, contava ainda com o apoio de PTN, PSC, PR, PV e PTdoB.
"Eu acho que é mais um desafio, porque de certa forma precisamos driblar o tempo de televisão. Eu vou ter menos da metade do tempo dos dois principais adversários, então a gente não chega sequer a um minuto e meio do tempo de televisão. Temos apenas 42 candidatos a vereador, enquanto que os outros estão como muito mais. Mas existem sempre os desafios, e eu tenho a facilidade de ter um pensamento alinhado com o do meu vice, Elmano de Freitas", ponderou.
Para ela, estar ao lado do petista facilita, pois uma coligação grande requer conciliação de interesses, o que faz com que a gestão não faça o que deve ser feito, conforme apontou. Quando prefeita de Fortaleza, Luizianne tinha quase a totalidade dos vereadores da Câmara Municipal ao seu lado, com poucos parlamentares criticando a gestão. Somente Plácido Filho, Ciro Albuquerque, João Alfredo e, vez por outra, Vitor Valim mostravam os erros da administração da petista à frente da Prefeitura.