Os valentões ficaram separados por um servidor da Assembleia. Ele está de costas para Osmar Baquit (PSD) e à frente de Agenor Neto e Tomaz Holanda, ambos do PMDB, quem partiam em direção à Baquit na bancada governista
( Foto: José Leomar )
Na Assembleia Legislativa do Ceará, os trabalhos na sessão de ontem terminaram de maneira inesperada. O deputado estadual Renato Roseno (PSOL) não conseguiu discursar no quinto tempo para o qual estava inscrito no Primeiro Expediente da Casa porque, após ceder a Osmar Baquit (PSD) dois minutos dos 15 que lhe estavam reservados, foi iniciada uma confusão entre parlamentares que tornou impossível a continuidade da sessão legislativa.
O deputado estadual Agenor Neto (PMDB) falou por 30 minutos, usando seu tempo e o do correligionário Tomaz Holanda. Neste espaço, elogiou o programa de interiorização do BPRaio, mas criticou o fato de o Governo do Estado levar mais policiais a municípios cearenses sem antes equipá-los com cadeias ou delegacias que possam receber os presos. "Quem não quer ter esse programa em sua região? Mas, para funcionar efetivamente, precisa ter onde colocar o bandido, e na região Centro-Sul não tem. A Cadeia está interditada e na Delegacia não cabe mais bandido", citou.
O estopim da confusão, contudo, foi parte do relato de Agenor Neto dando conta de que, enquanto o governador Camilo Santana participava da cerimônia de instalação do grupamento do Raio em Iguatu, no último sábado (20), um grupo de manifestantes seguiu para o local em busca de diálogo com o governador, mas teria sido agredido com spray de pimenta.
"Eram agricultores que estão inseguros porque o Governo vai secar o açude Orós, como fez com o Baixo Jaguaribe. Também estavam ali estudantes que cobrariam um plano de ações que possa melhorar a estrutura de Educação", contou. "As pessoas foram ordeiramente, diferente do que o Governo vende. Se dirigiam de forma pacífica para o local do lançamento do Raio e esse mesmo Governo mandou jogar spray de pimenta nos cidadãos", prosseguiu. Segundo ele, após o episódio, a população vaiou Camilo.
Defesa
No entanto, passados os trinta minutos relativos aos dois tempos e mais três de tolerância dados pelo presidente da sessão, Manoel Duca (PDT), não sobrou espaço para a defesa da base aliada do Governo do Estado. Tão logo Renato Roseno subiu à tribuna, Osmar Baquit pediu que o socialista lhe cedesse dois minutos do tempo para defender a gestão, "já que Agenor não deu a oportunidade".
Com o pedido acatado, Baquit contestou o peemedebista, dizendo que acompanhou a movimentação no local. "Não estou aqui para brigar, mas para falar a verdade, e não foi a população organizada, mas vereadores ligados a Vossa Excelência, puxados por seu tio 'Zé Marmita'. Ele estava lá insuflando, usando palavras de baixo calão. Eu ouvi, pois estava lá", rebateu.
Foi então que Tomaz Holanda, correligionário de Agenor Neto, tentou interferir na fala do governista e ouviu de Osmar Baquit que o momento não precisava de "ventríloquo". A palavra enfureceu Holanda que, apoiado por Agenor Neto, seguiu em direção à bancada da base do Governo, de onde falava Baquit.
Os parlamentares só não entraram em luta corporal porque um servidor da Assembleia e o líder do Governo, Evandro Leitão (PDT), interferiram, tomando literalmente a frente da situação. Coube a assessores, militares e outros deputados afastá-los e evitarem a troca de socos.
O clima ficou tenso, com insultos de ambas as partes. Manoel Duca, então, optou por suspender os trabalhos até que os ânimos se acalmassem. Cerca de meia hora depois, com todas as partes ainda no Plenário 13 de Maio, o líder do PMDB, Danniel Oliveira, que na ocasião sucedia Duca, deu por encerrada a sessão com a justificativa de "evitar o agravamento do ocorrido".
Expectativa
Finalizado o expediente, Baquit seguiu para o estacionamento subterrâneo da Assembleia, escoltado por Evandro Leitão, assessores e militares, enquanto os peemedebistas se reuniram em uma sala ao lado do plenário.
Cerca de quinze minutos depois, todos já haviam se retirado e as luzes do local, reservado para discussões que dizem respeito aos cearenses, função legítima do Plenário 13 de Maio, foram apagadas, deixando expectativa de como será a sessão da próxima terça-feira (30), quando voltam as atividades na Casa Legislativa. Inscritos para ontem, Roseno e Fernanda Pessoa (PR) têm espaço assegurado no próximo expediente.