A crise dos caciques   Qual o impacto da crise política nacional sobre uma eleição municipal? Parte da resposta foi oferecida na edição de ontem do O POVO. Pesquisa exclusiva, realizada pelo Datafolha em Fortaleza, mostra qual a influência do apoio de alguns dos principais líderes políticos locais e nacionais. A lista inclui o presidente em exercício Michel Temer (PMDB), o governador Camilo Santana (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador Cid Gomes (PDT) e o senador Tasso Jereissati (PSDB). Todos, sem exceção, atrapalham mais do que ajudam. Seu apoio contribui mais para afastar eleitores do que para atrair. E, quanto mais recente a passagem pelo poder, menor a influência positiva. Pior ainda para quem está no exercício de cargo executivo.   Em relação aos cinco grandes cabos eleitorais, mais da metade dos eleitores entrevistados dizem que o apoio de qualquer um deles faria com que deixassem de votar no candidato “agraciado” pela adesão. Sintomático dos desgaste dos “figurões”, dos políticos tradicionais perante a população. O desgaste da política não tem efeitos apenas localizados. Arrasta a todos, ainda que atinja mais uns que outros.   O que ainda tem maior influência positiva é Lula. Há 30% dos eleitores que afirmam que votariam com certeza no candidato apoiado por ele. Outros 16% afirmam que talvez votassem em quem ele apoiasse. Mas, 54% dizem que o apoio de Lula faria com que não votassem em um candidato. Em Fortaleza, Lula apoia Luizianne Lins (PT).   Quem menos influencia negativamente é Tasso Jereissati (PSDB). Há 51% do eleitorado que afirma que deixaria de votar num candidato por causa do apoio dele. É o menor percentual entre os entrevistados. O que é curioso, visto que, há poucos anos, o tucano era visto como político de extrema rejeição em Fortaleza. Desde 1988, com Ciro Gomes, candidato apoiado por ele não se elege prefeito. Hoje, os que com certeza votariam em candidato apoiado por Tasso somam 23%. Os que talvez votassem são 26%. O tucano apoia o Capitão Wagner (PR).   Entre os políticos pesquisados que não estão no exercício de cargo no Executivo, Cid Gomes é o que saiu do poder há menos tempo e, dos três, o que menos ajuda quem apoia. Disseram que deixariam de votar no candidato do ex-governador 58% dos entrevistados. O apoio de Cid levaria 18% a votar no candidato, enquanto 25% disseram que talvez votassem no candidato dele – no caso, o prefeito Roberto Cláudio (PDT).   Já sobre quem está no cargo, houve 15% dos eleitores segundo os quais o apoio do governador Camilo Santana (PT) levaria a votar no candidato em questão. Outros 28% talvez votassem. E 56% disseram não votar no candidato em questão — que é Roberto Cláudio.   Presidente em exercício, Michel Temer (PMDB) tem a influência mais negativa no Estado. Os que disseram que certamente votariam no candidato que tivesse o apoio dele somam 4%. Há 12% que talvez votassem em que ele apoiasse. E 84% que afirmam que o apoio de Temer faria com que não votassem no tal candidato. Temer não se manifestou sobre a disputa em Fortaleza, mas o candidato apoiado por seu partido é o Capitão Wagner.