O Capitão Wagner diz que chegará ao Paço Municipal, caso ganhe a eleição de outubro próximo, sem qualquer amarra política e livre para fazer as coisas de acordo com o que determinar a sua consciência e o interesse real da população. Uma estocada direta no atual prefeito Roberto Cláudio, do PDT, a quem frequentemente acusa de só fazer aquilo que determina o “padrinho” Cid Ferreira Gomes. Um bom discurso, embora precise ser colocado em dúvida, na sua sinceridade, a partir de quando se olha para o palanque no qual ele estava ontem à tarde, quando oficializava sua candidatura em convenção do PR. Caciques ali não faltava, a começar pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB), gente com peso para influir, querendo, na gestão de qualquer aliado. Podem abrir mão disso? Claro, até existindo exemplos concretos envolvendo Tasso, por exemplo, de afastamento pessoal da gestão de aliados que apoiara quando candidatos. Foi o que aconteceu com Ciro Gomes, cuja campanha ao governo do Ceará o tucano bancou politicamente em 1990, de maneira pessoal e decisiva, para depois manter-se a uma distância política respeitável da gestão. Também com Lúcio Alcântara, no período de 2003 a 2006, a relação de distanciamento se manteve, embora fosse um pouco menor. Existe um histórico concreto a considerar em favor do discurso, portanto, quando analisado por um dos lados. É em relação a Eunício que as dúvidas se fazem perturbadoras. A gula do peemedebista por cargos e por demonstrar ascendência sobre aliados é notória, nada fazendo crer que seria diferente no caso. Um desafio já colocado para a campanha do Capitão Wagner desde agora será apresentá-lo como realmente capaz de, eleito, resistir às pressões dos padrinhos para assumir caminhos mais interessantes a eles, e seus negócios, do que à cidade.
Guálter George, editor-executivo de Conjuntura