Ponto de vista
De grão em grão, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) caminha para ter o arco de alianças mais amplo das atuais eleições. A estratégia do pedetista é uma forma de se contrapor à chapa do agora candidato Capitão Wagner (PR), que garantiu o apoio de siglas com direito a mais tempo de TV no horário eleitoral gratuito, como PMDB e PSDB. Ao reunir uma série de pequenas legendas, RC tenta equilibrar a disputa durante a campanha, prevendo-se, assim, uma polarização nos próximos meses. O PTN, por exemplo, tem uma bancada de 13 parlamentares na Câmara dos Deputados, o que pode garantir preciosos segundos para o atual prefeito. Outra peculiaridade da coligação de RC é reunir partidos tanto da base do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) - DEM, PPS, PSD, PP -, como aliados da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), entre eles PCdoB e o próprio PDT. Cenário que deverá provocar alguns constrangimentos. Será curioso ver adversários históricos de mãos dadas no palanque de RC, como Moroni Torgan (DEM) e Inácio Arruda (PCdoB), nomes conhecidas da população e que já disputaram seguidas vezes o comando da Capital. Será uma prova de que regionalmente, dentro de um projeto de poder, as divergências ideológicas se dissolvem, mesmo diante do clima acirrado que toma conta do País. Para explicar tamanha diversidade, Roberto Cláudio deverá destacar sua capacidade de conciliação, capaz de unir forças, em tese, tão antagônicas. Resta saber se a população conseguirá compreender esse “saco de gatos” em que se transformou a chapa do atual prefeito, e qual o preço que será cobrado em caso de vitória.
Ítalo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura