Instalado na Assembleia Legislativa do Ceará em fevereiro, o Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência chega à fase de conclusão dos trabalhos. Criado em parceria com o Governo do Estado e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o grupo tem a missão de propor ações de enfrentamento à violência cometida por e contra adolescentes na faixa etária entre 10 e 19 anos.
Ontem, o presidente do Comitê, deputado Ivo Gomes (PDT), informou que o seminário que acontece na próxima sexta-feira (1°), no Auditório Deputado João Frederico Ferreira Gomes, anexo à Assembleia, marcará o encerramento dos trabalhos externos. "Tínhamos o prazo de seis meses para dar curso às ações propostas. Agimos em três frentes, iniciando pela pesquisa de campo, conversamos com familiares de adolescentes assassinados e daqueles que estão abrigados pela prática de crimes", disse. Segundo ele, foram entrevistadas 208 famílias que tiveram o filho assassinado e outras 108 cujos filhos cumprem medidas socioeducativas na Capital e no Interior do Estado.
O seminário complementa as 11 audiências públicas realizadas em Fortaleza, Maracanaú, Juazeiro do Norte, Sobral, Quixadá, Horizonte e Caucaia, com a participação de mais de três mil pessoas. "No primeiro seminário, foi colocado que, em países desenvolvidos, de cada 100 homicídios, 40 são praticados por arma de fogo, enquanto que no Brasil são 70 e no Ceará a média é de 82. E, para fechar, na próxima sexta-feira, serão abordados, no seminário, temas mais difíceis por serem abstratos, como a cultura do medo e o impacto dos programas policiais, que no Ceará são mais de 11 horas diárias, sendo muitos deles no horário de almoço", relatou Ivo.
De acordo com o parlamentar, a próxima etapa dos trabalhos será a elaboração de documento final, no qual devem constar as primeiras impressões, bem como serão apresentadas medidas concretas para nortear o trabalho dos poderes públicos. "O objetivo é que deixemos de nos guiar por intuições. É muito grave a situação de violência envolvendo adolescentes e não temos como aceitar que gerações mais velhas enterrem as mais novas".