A quase um mês para o início das convenções partidárias, que começam em 20 de julho, a indecisão do PMDB para a disputa da Prefeitura de Fortaleza incomoda peemedebistas. Enquanto sete partidos já lançaram pré-candidatos, o presidente estadual da legenda, senador Eunício Oliveira, ainda não anunciou se a sigla terá nome próprio na disputa.
A dúvida, segundo correligionários, tem nome: o postulante do PR, deputado estadual Capitão Wagner. Quando questionado, Eunício prefere afirmar que essa será uma decisão partidária.
Internamente, porém, segundo O POVO apurou, o sentimento da maioria da legenda é favorável a um candidato próprio. “Ninguém está entendendo o mistério deste homem (Eunício)”, questiona um peemedebista.
Outros parlamentares explicam que a demora é decorrente do cenário nacional. Desdobramentos da crise em Brasília, afirmam, devem influenciar na escolha de apoiar ou lançar concorrente.
Líder do partido na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Casimiro Neto admite preocupação com “atraso” em relação a outras legendas. “Todo o mundo já está na rua”, diz. Neto é um dos que defendem que o PMDB deveria ter candidato próprio.
“O Vitor Valim (deputado federal) estava na frente nas disputas internas, ele é um nome muito forte. E tem também o Gaudêncio (Lucena, vice-prefeito de Fortaleza), homem de confiança de Eunício.”
Apesar da dúvida sobre o nome para a Prefeitura, o vereador destaca que movimentações para a Câmara estão bem encaminhadas. De acordo com ele, já há 58 pré-candidatos a vereador, mas o número mínimo de mulheres não está fechado. Da bancada da Casa, formada por quatro representantes, apenas dois, incluindo ele, vão tentar reeleição.
Conversa com PR e PSDB
Apontado como um dos motivos para indefinição, Capitão Wagner já tem apoio do PSDB do senador Tasso Jereissati. O receio, segundo peemedebistas, é de que o deputado tire votos de Vitor Valim, que, embora tenha dito que iria se retirar da disputa, continuaria sendo principal nome para Eunício. Como mostrou O POVO na última terça-feira, 14, Valim pode ainda voltar atrás e aceitar candidatar-se.
Na Assembleia Legislativa do Ceará, pelo menos dois deputados do PMDB apoiam abertamente apoio a Wagner, Agenor Neto e Tomaz Holanda. “Conversas, já ocorreram várias”, afirma o pré-candidato do PR. “Mas, definição, nenhuma.” Wagner diz que diálogos aconteceram, inclusive, entre os três partidos - PMDB, PR e PSDB, com e sem a sua presença.
No dia em que anunciou oficialmente apoio a Wagner, o PSDB abriu mão de necessariamente indicar o vice.
O gesto abre espaço para nome um peemedebista na chapa. A reportagem tentou contato com Eunício, mas teve retorno.