Em discurso ontem, o parlamentar repercutiu os pedidos de prisão de caciques do PMDB ( Foto: José Leomar )
Os pedidos de prisão feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), pautou o discurso do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) ontem na Assembleia Legislativa.
"Isso nos mostra que aqueles que foram às ruas, com a camisa amarela da Seleção (brasileira), pedindo justiça, honestidade e combate à corrupção, queriam apenas abafar as investigações", apontou o parlamentar.
Segundo Roseno, fica claro que o sistema político brasileiro está "putrefato", quando aqueles que pregavam moral estão sendo pegues por cometimento de crimes. "Isso revela ao povo brasileiro aquilo que reiteramos inúmeras vezes aqui nesta Casa. O poder político está refém do poder econômico", colocou. "Agora vamos esperar o que virá com as delações da Odebrecht. Estou ansioso, mas espero que ela não sirva para proteger, quando se fala em bastidores de pelo menos cinco centenas de nomes envolvidos em financiamento com propina", acrescentou.
Os episódios, de acordo com o parlamentar, mostram que o que o Brasil presenciou com o processo de impeachment de Dilma Rousseff foi um "golpe" contra o governo da presidente afastada. "Houve um golpe para tirar pessoas corruptas do poder e colocar outras pessoas, também corruptas", apontou.
"Devemos restituir urgentemente a democracia e a cidadania, devolvendo ao povo a decisão se quer ou não novas eleições. Não queremos e não aceitaremos retrocessos em direitos já adquiridos. O melhor remédio para a política (do País) é mais gente tendo acesso a ela", disse.
População
Renato Roseno falou também que aqueles que fazem oposição ao governo interino de Michel Temer assumem papel intimamente vinculado às frentes populares. "Nos juntamos a milhões de trabalhadores dizendo que não queremos retrocessos. A intenção (do governo interino) é desconstitucionalizar direitos".
Para ele, é impressionante a velocidade com que o governo interino do peemedebista se desconstrói. "Ele cai de maneira tão rápida, que nem eles mesmos esperavam. (Romero) Jucá sequer esquentou a cadeira", disse, em referência ao ex-ministro, que deixou o Ministério do Planejamento uma semana e meia após assumir o cargo. "Os interinos precisam passar por crivo popular, acompanhado de uma verdadeira reforma política. Somente o poder popular pode reconstituir e superar essa crise", afirmou o parlamentar.