A bancada religiosa da Assembleia Legislativa do Ceará criticou ontem o monólogo teatral Histórias Compartilhadas, apresentado semana passada em seminário na Universidade Federal do Ceará (UFC) pelo ator Ari Areia.
Um dos trechos da peça, no qual o personagem derrama o próprio sangue na imagem de Cristo crucificado, foi considerado “insulto”, “deboche” e até “cristofobia” por deputados estaduais.
“Se a peça fosse um padre doutrinando um homossexual, será que a UFC iria achar que é arte? Não, iriam dizer que é homofobia. Pois, da mesma forma, esse evento foi um ataque, uma cristofobia”, disse a deputada Silvana (PMDB). Pastora evangélica que já ministrou cultos na AL-CE, a deputada classificou o monólogo como “perverso e absurdo”.
Já o deputado Carlos Matos (PSDB), ligado ao movimento católico Shalom, disse que apresentará requerimento convocando representantes da UFC para prestar esclarecimentos sobre a peça. Os apresentadores de programas policiais Ely Aguiar (PSDC) e Ferreira Aragão (PDT) também criticaram a peça.
Organizada pelo coletivo Outro Grupo de Teatro, Histórias Compartilhadas discute sobre a transexualidade masculina por meio de depoimentos reais. Ari Areia explica que a parte com a imagem de Cristo é a forma de aproximar o público do peso da existência de “meninos nascidos em corpos de meninas”.
O ator registrou BO após receber ameaças de morte. Sobre as críticas dos deputados, Areia diz ser “muito complicada” a tentativa de “criminalizar uma obra artística”.