Em pronunciamento, o deputado Renato Roseno (centro) destacou a gravidade do aumento de crimes de execução contra policiais no Ceará e cobrou pronunciamento de Camilo sobre os 100 dias da chacina da Messejana
( Foto: Fabiane de Paula )
O líder do Governo na Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT), antes do retorno dos trabalhos legislativos deste ano, disse que iria procurar unir cada vez mais a base governista. No entanto, passadas três semanas do início das atividades parlamentares, os aliados seguem cada vez mais dispersos, enquanto a bancada de oposição se une para atacar a gestão de Camilo Santana.
>Morte de policial é destacada
Durante sessão ordinária de ontem, mais uma vez os oposicionistas dominaram, praticamente, todos os tempos dos pronunciamentos fazendo críticas à Segurança Pública do Estado, uma vez que mais um policial militar foi assassinado no Ceará. Há pouco mais de uma semana, também em uma sexta-feira, as críticas foram semelhantes. A oposição, inclusive, já havia desafiado os governistas na Casa quando, em sessão plenária, não havia parlamentares da base aliada.
Na plenária de ontem, 24 deputados registraram presença, dentre eles a maioria da base governista. Durante o primeiro expediente, ao invés de fazerem uso da palavra, os aliados cederam seus tempos para deputados da oposição. Foi o que fizeram Manoel Duca (PROS), que cedeu tempo para Wagner Sousa (PR); Fernando Hugo (SD), para Fernanda Pessoa (PR); e Lucilvio Girão (SD), para Renato Roseno (PSOL). Os outros tempos foram utilizados pelos opositores Ely Aguiar (PSDC) e Silvana Oliveira (PMDB).
Somente Ferreira Aragão (PDT), da base de apoio, tratou do tema Segurança Pública em seu discurso, como algo inerente ao Governo Federal, que deveria, segundo ele, combater o narcotráfico. Ao Diário do Nordeste, no entanto, percebendo a apatia dos aliados, ele disse que é necessário mais "vigor" por parte dos governistas ao defender a administração de Camilo. Para Roberto Mesquita (PV), que é defensor do Governo, a oposição está "vencendo" os debates propostos em todas as semanas, mesmo estando em menor número.
"A base está acabrunhada, escondida, não defende com ênfase o Governo. Há um problema do Governo com sua base, e eu tenho que ver onde estou falhando e onde o Governo está, porque estamos perdendo de forma muito feia", afirmou.
Para defender a gestão estadual das duras críticas, os líderes têm se esforçado em buscar informações para combater as denúncias levadas pelos opositores. No entanto, os demais se calam diante dos opositores. Na sessão de ontem, o líder do Governo, Evandro Leitão, não se pronunciou sobre o assunto e após registrar presença se ausentou da Casa. Já Leonardo Pinheiro (PSD) chegou ao Plenário 13 de Maio por volta das 10h30, quando o debate já havia começado.
Amenizar críticas
Coube ao vice-líder, Júlio César Filho (PMB), tentar amenizar as críticas feitas à Secretaria de Segurança Pública. O parlamentar explicou que o fato de 2016 ser ano eleitoral contribui para as ausências nos debates. Segundo ele, é preciso reunificar e fortalecer o Governo Camilo Santana, e por isso há um planejamento por parte do Poder Executivo de reunir toda a base junto aos secretários, o que deve ocorrer a partir da próxima semana.
"Isso foi feito no ano passado e a liderança do Governo solicitou a realização dessa explanação das pastas para toda a base. Aqueles que se identificarem mais em determinadas áreas, vamos colocar um canal direto com a secretaria. Para trazermos aqui as ações que foram e serão feitas, não só para defender. Na próxima semana faremos uma reunião de todo o secretariado e toda a base", esclareceu.
Por volta das 11 horas de ontem, outros governistas começaram a chegara à sessão, mas, após os debates, a base não tratou mais sobre a defesa do Governo. A assessoria do secretário de Relações Institucionais, Nelson Martins, chegou a orientar o deputado Leonardo Pinheiro para que ele rebatesse as criticas feitas durante o primeiro expediente. Os três deputados petistas, Elmano de Freitas, Rachel Marques e Moisés Braz, registraram presença, mas não participaram da sessão ordinária.
Joaquim Noronha (PP) também esteve presente na sessão de ontem e, para ele, o Governo tem estado sintonizado e coeso com sua base, ressaltando que a unidade pode ser observada durante as votações. "Na verdade, eu, pessoalmente, tenho participado das sessões. Agora, durante a semana, se analisar, o Governo está bem sintonizado. Realmente, as sextas-feiras, como são mais relaxadas sobre decisão do plenário, a oposição tem utilizado de forma mais forte".