O assassinato de Zé Maria Tomé foi um caso emblemático e reafirma a luta pela reforma agrária, pelo direito a terra e pela defesa do meio ambiente, afirmou a deputada Rachel Marques (PT), durante audiência pública ontem na Comissão de Defesa Social da Assembleia Legislativa. Ela cobrou mais agilidade na investigação da morte do ambientalista, assassinado em Limoeiro do Norte, em abril de 2010. Rachel lembrou a luta do ambientalista contra o uso indiscriminado de agrotóxicos no Vale do Jaguaribe e alertou que os conflitos por terra e a violência no campo têm aumentado. O professor da Uece, João Rameres, fez um histórico da violência rural no Brasil e lembrou que, na Chapada do Apodi, a pulverização de agrotóxicos era feita por aviões, até sobre as casas dos agricultores. “A morte de Zé Maria Tomé não foi só um crime contra a vida, mas contra uma comunidade inteira”.
O delegado do Departamento de Policiamento do Interior, Jocel Dantas, disse que os assassinos de Zé Maria Tomé já foram presos e a investigação sobre os mandantes prossegue em sigilo. Dantas ressaltou ainda que “apesar das várias lutas envolvendo questões de terra no Ceará, nenhum outro crime ligado a esta questão foi registrado do Estado após a morte do ambientalista”.
O promotor Edílson Batista também disse que há poucos casos de violência ligados a disputas de terra no Estado. Ele destacou, porém “que este é um assunto polêmico, pois a questão agrária vem se perpetuando no Brasil e isso vem gerando muitos conflitos”.
A ouvidora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fabíola Gomes, ressaltou que a concentração da posse de terras no Brasil é histórica e a violência gerada por esses conflitos tem aumentado bastante. “A concretização da reforma agrária é fundamental para acabar com essa violência e para o desenvolvimento do País”, pontuou Fabíola.