Cerca de três meses após a presidente Dilma Rousseff (PT) ter visitado as obras da transposição do rio São Francisco, permanece parado o trabalho no lote seis da obra, em Mauriti, na Região do Cariri. Nos últimos três meses, cerca de mil funcionários teriam sido demitidos pela construtora Delta, o que tem prejudicado a economia da cidade, conforme relatos de moradores, políticos e empresário. A Delta é a pivô do escândalo envolvendo políticos e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
O Lote 6 está orçado em R$ 223,44 milhões e a previsão de conclusão da obra era de 40 dias. Segundo o prefeito de Mauriti, Isaac Júnior (PT) “podemos dizer que estamos vivendo um problema social grave com uma quantidade grande de pessoas desempregadas. Agora trabalhamos para que o Governo Federal resolva essa situação”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Ação Social de Mauriti, cerca de 250 trabalhadores haviam sido treinados em cursos de capacitação em carpintaria, operação de máquinas pesadas, entre outros. “O problema é que agora temos muitos trabalhadores capacitados, mas desempregados”, afirmou José Wendel, titular da Secretaria.
O comércio no município também teria sido afetado, com dívidas deixadas pelos compradores e enfraquecimento das vendas. “Pelo que temos conversado com os comerciantes com essas demissões muitos segmentos foram duramente atingidos e as perdas podem chegar a 40%”, disse o empresário Amilton Marques. O presidente da Câmara Municipal de Mauriti, vereador Missô Marques, disse que a Casa vem discutindo com a Prefeitura uma possível solução para a retomada das obras.
O canteiro de obra da Delta, no qual ocorriam os trabalhos de construção de um canal com extensão de quase 42 quilômetros ,está praticamente parado, com pouca movimentação. A obra se estenderia por diversos sítios e comunidades, como Coité, Palestina e Umburanas.
O POVO foi ao escritório da Delta instalado no local da obra, mas o porteiro que se identificou como Marco Antônio disse que ninguém da empresa poderia receber a imprensa. Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Com uma economia voltada para a agricultura, Mauriti é uma das maiores produtores de milho e feijão do Ceará. Sem grandes empresas atuando na cidade, a expectativa econômica ficou na obra da transposição. Saiba mais
Na última quarta-feira, o deputado estadual Wellington Landim já havia denunciado na Assembleia Legislativa o esvaziamento do canteiro de obras do lote quatro da transposição, também tocado pela Delta.
Em Fortaleza, a Delta solicitou à Prefeitura “rescisão amigável do contrato” para obras de mobilidade da Copa de 2014. Ela justificou o pedido por “mudanças recentes na empresa, com sua aquisição por parte da holding J&F, o que acarreta reprogramação de trabalho”
O lote 14 das obras de transposição em Mauriti, de responsabilidade da empresa Construcap, está com obras em andamento.