O deputado João Jaime rebateu a petista Rachel Marques e disse que o processo de impeachment está previsto na Constituição Federal
( FOTO: BRUNO GOMES )
O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff voltou a pautar os debates, ontem, na Assembleia Legislativa. Rachel Marques (PT) afirmou que a iniciativa acatada pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, não passa de golpe contra a democracia. Ela relatou que nos últimos dias foram muitos os manifestos contra o impedimento defendido pela oposição. "Fica cada vez mais clara a ilegitimidade do processo quando intelectuais, artistas, juristas e pessoas de esquerda e também da direita se manifestam contra esse ato ilegal".
Rachel Marques leu uma resolução da executiva nacional do PT em que o partido afirma que enfrentará o "golpe em andamento" com mobilização partidária, pregando unidade das forças sindicais e movimentos populares. O texto lido na íntegra pela petista diz que o pedido de impeachment, "cujos autores se comprazem com o oportunismo do presidente da Câmara", não passa de sórdida vingança.
João Jaime (DEM) rebateu a petista e disse que o processo de impeachment está previsto na Constituição Federal e, portanto, não poderia ser chamado de golpe por quem defende o governo Dilma Rousseff. "Ela (presidente) descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal, ainda que esta seja muito clara sobre não gastar além do que é previsto no orçamento", destacou, lembrando que o PT teria pedido o impeachment dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique. "Só não pediu o de Lula, porque seria golpe", disparou.
Indignação
O deputado Roberto Mesquita (PV) também avaliou que, ao aceitar a proposta de análise de impeachment, Eduardo Cunha apenas estaria assumindo seu papel de presidente da Câmara.
Mesquita mostrou indignação com o discurso de que Dilma Rousseff não teria feito nada de errado no atual mandato para justificar o pedido de afastamento. "É de uma cara de pau pessoas que dizem defender a ética e a moral verem o segundo mandato da Dilma recheado de mentiras e mesmo assim queriam passar por cima dessa situação", criticou. Ele ressaltou não ter nada contra a presidente e declarou torcer para que ela consiga sair de forma positiva da situação. "A presidente é lutadora e tem uma história bonita, mas não apaga a vergonhosa campanha política, que deixa servidores sem reajuste e o desemprego crescendo".
Elmano Freitas (PT) disse ter sentido orgulho do seu partido por não ter "se rendido" "às chantagens" de Eduardo Cunha. "É impressionante haver quem defenda Cunha. São golpistas que dão apoio a ele. Quem faz isso não pode defender ética". O vice-líder do governo, Júlio César (PTN), avaliou que o momento é de risco à democracia brasileira. "Precisamos esclarecer da importância de manter o regime democrático e evitar que a economia do país seja ainda mais prejudicada por essas manobras", disse.