O corte de itens do programa federal Farmácia Popular, que vende medicamentos com até 90% de desconto, gerou protestos, ontem, no plenário da Assembleia Legislativa. "Entendo que o Brasil esteja passando por um momento de dificuldade financeira, mas não podemos esquecer que a presidente Dilma Rousseff prometeu em sua campanha não retirar benefícios como este", declarou o deputado e médico Lucílvio Girão (SD).
O parlamentar avalia que será bem mais dispendioso para o governo garantir o atendimento que deve ser intensificados nos hospitais. "As pessoas vão passar a procurar muito mais os hospitais e isso sairá mais caro. Sem condições de adquirir os mesmos medicamentos na rede privada com preço mais elevado, a população mais carente recorrerá a postos de saúde e outras unidades básicas de atendimento", reforçou o deputado.
Perversa
A intenção do Governo Federal é cortar R$ 578 milhões destinados ao programa. A deputada Silvana Oliveira (PMDB), que também é médica, também teceu críticas ao corte. "Não tem como tirar o remédio do diabético, para citar só um exemplo. Eu entendo que se é para ter e depois retirar, é melhor não ter", salientou. A parlamentar, que é correligionária do ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que a medida é "perversa".
Ferreira Aragão (PDT), citando o caso do pesquisador Gilberto Orivaldo Chierice, do Instituto de Química da USP de São Carlos, que fabricou e distribuiu pílulas de fosfoetanolamina, disse acreditar que tudo é possível em um país onde "um descobridor da cura do câncer" é perseguido como criminoso. "Esse medicamento hoje é fabricado e distribuído de forma escondida, como se fosse maconha ou cocaína", lamentou, atribuindo a situação ao interesse da indústria química e farmacêutica.
"Só pensam nos lucros e querem continuar enriquecendo às custas de pessoas que passam anos com a doença, sofrendo e usando os medicamentos dessas empresas", reforçou.
O deputado Agenor Neto (PMDB) também lembrou das promessas de Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral. "Ela dizia que não iria subir os preços de nada e não mexeria em nada. Agora a realidade é outra".
Segundo ele, passada a eleição, a população começou a ser surpreendida diariamente com más notícias. "Fechar a Farmácia Popular é uma medida que vai atingir principalmente aos mais pobres que já vivem sufocados com os impostos, que neste ano baterá recordes", afirmou.