O Centro de Fortaleza possui 31 praças. Essas, que deveriam ser ocupadas pelos cearenses para o lazer, viraram residência para moradores de rua, comércio irregular, ponto de prostituição e de usuários de drogas. As problemáticas são históricas e, a cada dia, afastam o costume antigo, em que amigos ou familiares se reuniam para sentar sob a sombra das árvores e passar o tempo com uma boa prosa. Repercutindo a manchete do jornal O Estado, “Degradação e insegurança nas praças do Centro”, publicada na edição de ontem (4), vereadores e deputados de oposição, são enfáticos na afirmação de que falta vontade política para minimizar os problemas que fazem os fortalezenses se afastarem de espaços históricos e seus monumentos, tendo em vista a insegurança.
Já a base aliada do prefeito Roberto Cláudio (PDT) defende que a Prefeitura tem avançado nas políticas públicas na tentativa de resgatar a presença de pessoas nos logradouros. Ao repercutir a matéria, o vereador João Alfredo (Psol) chama atenção para a quantidade de moradores de rua, no centro da cidade. De acordo com ele, a problemática tem a ver com uma “carência muito forte de políticas sociais por parte da Prefeitura”, principalmente, os ligados à infraestrutura.
“Parece-me que não ao há uma política voltada para os moradores de rua. Isso é uma demanda antiga e que tem ser feita alguma coisa na questão da habitação, tem que ser garantido uma abrigo noturno. Essas pessoas podem até passar o dia, captar a caridade humana, mas fazer das praças o seu lugar de moradia é um sinal claro da falta de prioridades desta gestão”, criticou.
João Alfredo também afirma que o problema é antigo nas praças de Fortaleza e tem a ver com a falta de prioridade das últimas gestões. “Tem dinheiro para tudo; grandes obras, viaduto, mas para construir um simples abrigo, não tem”, acrescentou. Esse é um dos problemas que podem ser vistos na Praça José de Alencar. Papelões e lona compõem o abrigo de famílias que escolheram a sombra das árvores para viver.
Só no papel
Já o deputado Capitão Wagner (PR) pontua que, há muito, tem-se o debate sobre a requalificação dos espaços públicos, como do Centro da Cidade e de suas praças, e o que se vê é que não passa de teoria. “Não vemos nenhuma ação prática. De fato, acontecem algumas reformas, mas quando é entregue a população, em questão de 20 dias, está toda deteriorada, porque o Poder Público é ausente, pontua.
Wagner aponta que assim como foi constatado pelo jornal O Estado, as praças não tem iluminação adequada, segurança e, por conta disso, as pessoas têm “medo” de ocupar espaços públicos. “É importante que além de esses espaços serem reformados, também sejam ocupados pelos governos, no sentido de levar ações sociais, lazer e culturais”. O parlamentar acredita que a política de adoção das praças por empresas privadas, “não tem surtido efeito desejado”, tendo em vista que ainda há muitas praças “abandonadas” em Fortaleza.
“Avanços”
O vereador Evaldo Lima (PCdoB), líder do Executivo, na Câmara Municipal de Fortaleza, pondera que a maior política pública de segurança para as praças de Fortaleza é a que representa a ocupação qualificada dos logadouros. O parlamentar ressalta que a Prefeitura tem avançado muito nesta questão da melhoria dos espaços, fazendo com que as pessoas voltem a frequentar as praças da Capital.
“Temos o programa de adoção de praças como já foi contemplado, por exemplo, a Praça da Imprensa, Dom Helder Câmara, entre outras” destacou. Evaldo destaca que essa sensação de insegurança advém, muitas vezes, de próprio abono da população dos espaços públicos. “A comunidade não frequentando as praças, acaba abrindo uma porta para que ocorram atos de violência, vandalismo e insegurança”, complementa.
Sobre o problema de centenas de pessoas dormirem nas praças de Fortaleza, o vereador afirma, ainda, que a Prefeitura não desenvolve nenhuma política de “higienização social”. O parlamentar frisa que Prefeitura avançou em políticas de construção de casas-abrigos, centros pops, assistência social e psicológica para atender as pessoas em situação de rua, bem como a disponibilização de cursos de qualificação. “Além da ocupação qualificada desses espaços, uma série de outras políticas devem ser desenvolvidas no Centro e em suas praças como uma programação integrada dos equipamentos culturais, abrir à noite restaurantes, teatros, para proporcionar vida noturna no Centro”, frisa Evaldo Lima.