As denúncias de abusos da Companhia Energética do Ceará, a Coelce, contra os consumidores pautaram, ontem, as discussões na Assembleia Legislativa. Além do alto valor das contas, parlamentares questionaram a demora na prestação de serviços, como ligação de energia para funcionamento de poços profundos e até equipamento de saúde. Na Câmara Municipal de Fortaleza, os vereadores adiaram a instalação da CPI para hoje.
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) criticou a discrepância entre o que a Coelce lucrou e o quanto ela investiu em melhorias no primeiro semestre. "Os investimentos subiram, mas não na mesma proporção. Enquanto o lucro líquido aumentou 141%, o investimento cresceu 22%", alertou o parlamentar.
Concessão
Felipe defendeu que seja revista a concessão à empresa. Em abril de 1998, a Coelce concluiu o seu ciclo como empresa estatal, sendo privatizada. "A forma como se deu a privatização a deixou completamente livre para atuar da forma que bem queira. É preciso que se reveja as formas para que a sociedade possa cobrar ações mais efetivas da empresa. Nada justifica essa desproporção", criticou.
O deputado Odilon Aguiar (PROS) também defendeu que haja uma cobrança maior sobre a contrapartida de seus benefícios e lucratividade. "Não se admite prefeituras clamando urgentemente para a Coelce ligar um poço profundo que vai atender a 50 famílias e passa meses e mais meses para a ligação elétrica. Isso é inadmissível".
O deputado Leonardo Pinheiro (PSD) condenou a demora na instalação de equipamentos para puxar água de poços profundos. "O governo investir na escavação de um poço e ele ficar inoperante pela ausência de energia é inadmissível. Temos que criar um organismo na Assembleia para, de forma coletiva, cobrarmos explicações". Carlos Felipe afirmou já ter dado entrada na Assembleia Legislativa com o pedido de realização de audiência pública para discutir o papel social da empresa.
Em nota, a Coelce disse que cumpre determinações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Sobre os poços profundos na zona rural, informou ainda que está adotando "solução técnica, juntamente com o Governo do Estado, com energia solar fotovoltaica, para os poços que se encontram mais distantes da rede elétrica".