Para o economista e industrial Fernando Cirino, o momento é de "puxar o freio de mão"
O ceticismo com a política e a economia que se abateu sobre os brasileiros nestes últimos meses norteou as conversas e deu o tom da solenidade de comemoração do Dia do Economista, promovida ontem (13) pelo Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE). Realizado na Assembleia Legislativa do Ceará, o evento, que também consagra os 50 anos de atuação da entidade no Estado, reuniu centenas de representantes da categoria para homenagear três personalidades da classe.
Em noite de reconhecimento pelos serviços prestados à economia cearense, foram homenageados o acadêmico e atual presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Marcos Costa Holanda, o empresário cearense, presidente da Durametal, Fernando Cirino Gurgel, e o deputado Estadual, Sérgio de Araújo Lima Aguiar. Apesar de terem optado por operar em áreas distintas, os três economistas se destacam e exercem poder de influência na área em que atuam e reconhecem o momento delicado porque passa a política e a economia do País.
"A situação econômica está muito preocupante, porque a descrença atinge tanto o consumidor, quanto os empresários, gerando perspectivas negativas para o País", justifica o anfitrião da solenidade e presidente do Corecon-CE, Allisson Martins, sem deixar que a crise tire o brilho da solenidade. Martins explica que se o consumidor não compra e as empresas não vendem, a indústria para de produzir, impondo à economia um ciclo vicioso, que já aponta para um cenário de retração do PIB, da ordem de 2% este ano.
'Crise é política'
"Estou temeroso e cético com o atual cenário. O mercado está muito vulnerável diante desta crise que, para mim é mais política, do que econômica", declara o deputado Sérgio Aguiar. Para ele, além de medidas de ajuste fiscal, o País precisa de leis mais rígidas capazes de não apenas inibir a corrupção, mas que penalize de forma eficaz e obrigue os infratores a devolver os recursos apropriados indevidamente, "com 100% de acréscimo".
Opinião semelhante tem o empresário, Fernando Cirino, para quem a crise atual é mais política do que econômica. "A politicagem, os maus políticos estão acabando com a economia do País. É hora de pararem de pensar só em reeleição, e começarem a pensar e a planejar o País. Industrial do setor metalmecânico, Cirino disse que tem muito investimento agendado, mas que "o momento é de puxar o freio de mão".
Palestra
Em mais uma semana marcada por disputas políticas e incertezas econômicas, o tema retoma a pauta hoje, na palestra do presidente do Corecon-SP, autor de diversos livros de economia, Marco Antonio Sandoval de Vasconcelos. Às 19, na Faculdade de Economia da UFC, ele traça o panorama da economia brasileira e aponta as perspectivas de médio e longo prazo para o País.