O esgoto gerado pelos prédios da empresa, administradora do Porto do Pecém, é hoje captado e levado a uma estação de tratamento, na qual a água é filtrada e usada para abastecer as bacias sanitárias e os jardins da companhia
FOTO: MARÍLIA CAMELO
Diante da escassez de chuvas e do baixo nível dos reservatórios, a reutilização dos recursos hídricos tem sido um alternativa utilizada em uma das áreas com maior potencial de desenvolvimento do Estado, como forma de obter economia nos custos e aproveitar os recursos de forma mais racional. Desde 2013, as instalações da Cearáportos, administradora do Terminal Portuário do Pecém, reutilizam aproximadamente 25% da água que consomem.
Conforme explica o coordenador de engenharia e projetos da Cearáportos, José Maria Arruda, o esgoto gerado pelos prédios da empresa é hoje captado e levado a uma estação de tratamento, na qual a água é filtrada e utilizada para abastecer as bacias sanitárias e os jardins da companhia.
De acordo com Arruda, o investimento da Cearáportos para adquirir e implantar o sistema foi de R$ 700 mil. A cada mês, acrescenta, o sistema representa uma economia de aproximadamente 1.200 metros cúbicos de água, o que significa em torno de R$ 10 mil.
O coordenador informa que a companhia planeja ampliar a área do sistema já existente, estendendo-o até os píeres que distam 2,5 quilômetros dos prédios da companhia. "Como os píeres ficavam muito distantes, ainda não fizemos essa parte, mas só a dos prédios na retroárea", explica Arruda.
Audiência
Na tarde de ontem, Arruda participou de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará. A audiência foi idealizada pela Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca e teve como principal objetivo debater o projeto de reúso da água, diante da perspectiva de um novo ano de estiagem.
Participaram do encontro representantes da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece), do Ministério Público Estadual (MP/CE), da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH), da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), além da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce).
Emergência
No início deste mês, o Ministério da Integração Nacional reconheceu a situação de emergência em 28 municípios cearenses afetados pela seca. Em maio último, o governo federal já havia reconhecido a situação de emergência em 67 cidades do Estado, que enfrenta, em 2015, o quarto ano de estiagem.
De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, as precipitações da quadra chuvosa - que vai de fevereiro a maio - deste ano ficaram 26,9% abaixo da média histórica para o período.