A dificuldade enfrentada pelas unidades de saúde do Estado voltou ao centro do debate, ontem, após o deputado estadual Lucílvio Girão (SD) destacar que há 19 anos não há aumento do volume de recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de cobrar mais verbas para o setor, o parlamentar criticou o corte no orçamento estadual para a Secretaria da Saúde.
Conforme pontuou Lucílvio, vários hospitais e outros equipamentos fecharam as portas no Estado e na Capital por causa da dificuldade em se sustentar, sobrecarregando hospitais de maior porte. "No Ceará, 10 hospitais fecharam as portas. Nesse final de semana, nem mulheres em trabalho de parto, com sangramento ou com muco puderam entrar no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) por conta de um problema. Tem coisa errada", lamentou o parlamentar.
Afirmando que não há como os hospitais sobreviverem com os recursos repassados pelo SUS, o deputado cobrou que o governo coloque mais orçamento para o setor "para ontem".
"O problema do Brasil na Saúde é muito sério e muitas pessoas estão morrendo. E não é só quem é pobre não, a classe média hoje já está sofrendo também, porque não tem quem aguente pagar plano de saúde", alertou o deputado.
Em aparte, Carlos Felipe (PCdoB) afirmou que uma das coisas mais angustiantes pelas quais passam os médicos é estar em uma estrutura sem condições de oferecer aos pacientes o que eles merecem.
Carlos Felipe destacou ainda que, no Ceará, diversas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), policlínicas e Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) foram construídos, mas os repasses federais não cresceram na mesma proporção. "Estamos no final de março, e o dinheiro das cirurgias eletivas não é repassado desde outubro".
CPMF
Outra baixa do setor, na avaliação de Carlos Felipe, foi o fim da Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). "Depois que perdemos esses 40 bilhões com a CPMF, ficou sem alternativa", apontou.
Em resposta, o deputado Lucílvio afirmou que a criação da CPMF foi bem intencionada, mas durou pouco tempo, devido aos desvios de verbas que existiram durante o período de cobrança do imposto.
Já Silvana Oliveira (PMDB), por sua vez, afirmou que a saúde não era melhor quando havia a CPMF. "O problema é a inversão de prioridades", criticou.