Heitor Férrer pede que o secretário do Turismo, Arialdo Pinho, vá à AL esclarecer o episódio
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A paralisação das obras do Acquario do Ceará foi motivo de embates entre membros da oposição e do Governo, na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa. Primeiro assunto a ser levado à tribuna, opositores exigiram explicações aprofundadas da Secretaria de Turismo sobre a assinatura da ordem de paralisação das obras, assim como todos os recursos estaduais que já foram investidos no empreendimento.
O deputado Heitor Férrer (PDT) protocolou dois requerimentos solicitando informações e pedindo que a comissão de Fiscalização e Controle convide o secretário estadual de Turismo, Arialdo Pinho, a prestar esclarecimentos sobre as obras que, no seu entendimento, nunca deveriam ter sido iniciadas. "Um dos atos mais insanos do governo anterior foi a construção, o desejo, o capricho de se querer ter um aquário no Estado", lamentou.
Na visão do pedetista, o empreendimento é uma "herança maldita" que o governador Camilo Santana (PT) recebeu do seu antecessor, o ministro da Educação Cid Gomes (PROS). "O governador, por ser aliado, tem que se submeter a terminar (a obra) com todos os prejuízos imputados ao Estado e ao povo cearense", destacou o deputado, que costuma chamar jocosamente o Acquario de "casa de peixe".
O parlamentar lembrou que, quando o projeto foi enviado à Casa em 2011, apenas ele, o deputado Roberto Mesquita (PV) e a ex-deputada Eliane Novais (PSB) votaram contra, enquanto Ely Aguiar (PSDC) e Fernanda Pessoa (PR) se abstiveram.
Em aparte, Ely destacou que em uma nova etapa, não prevista nos projetos anteriores, o Governo quer desapropriar um terreno nas imediações de onde o Acquario está sendo construído, que engloba um condomínio. "O Governo já iniciou essa negociação com os moradores do condomínio, que já disseram que não sairão de suas casas e os custos ainda não foram revelados".
Heitor completou que a Praia de Iracema é densificada por conta de outros equipamentos e apontou que uma região como a Praia do Futuro seria mais adequada para receber a obra. "Há diversas outras regiões que precisam se desenvolver", declarou.
Ilegalidades
Já Renato Roseno (PSOL) ressaltou que, na próxima quarta-feira, o Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público do Ceará vai votar o desarquivamento dos inquéritos que investigam supostas ilegalidades e improbidades na construção do Acquario. "Esta obra está recheada de indícios de ilegalidade e improbidade. Esperamos que o Ministério Público Estadual cumpra seu mister constitucional de fiscalizar a lisura das obras e feitos do Poder Público", cobrou.
Coube, mais uma vez, ao vice-líder Júlio César Filho (PTN) fazer a defesa do Governo, uma vez que o líder Evandro Leitão (PDT) estava ausente. O parlamentar destacou que a paralisação se deu para possibilitar que o novo secretário de Turismo, Arialdo Pinho, se inteire da situação da obra por meio de uma auditoria. "É natural que, no começo, possamos dar uma parada e aí, sim, dar continuidade".
Júlio César argumentou que outras obras do Governo foram duramente criticadas e hoje dão hoje retorno ao Estado. "Como o Centro de Eventos, que fortaleceu o turismo de negócios e hoje é um sucesso", exemplificou. Ele destacou que a localização do Acquario é estratégica para combater a exploração sexual na região e atrair turistas para o local.