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Seca preocupa e ganha atenção do Estado - QR Code Friendly
Segunda, 12 Janeiro 2015 06:14

Seca preocupa e ganha atenção do Estado

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  O governador do Estado do Ceará, Camilo Santana (PT), tem razão em colocar entre as preocupações mais urgente de seu governo a problemática da estiagem. Além da crise econômica que o País enfrenta, o que repercute na contenção de gastos em todos os estados, a estiagem traz efeitos dramáticos, irreversíveis, afetando diretamente a economia do Estado. Em 2013, de fome e falta de água, cerca de quatrocentas mil cabeças de gado morreram no Estado, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec). Os últimos levantamentos de órgãos competentes, como da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), apontam que 106 açudes cearenses, ou 74%, estão atualmente com menos de 30% de água acumulada. Mesmo que o governo Cid Gomes tenha intensificado o sistema de abastecimento d’agua nos municípios nos últimos quatro anos, o que resultou em investimentos da ordem de R$ 73,7 milhões, atendendo a 63.303 famílias com ações, por exemplo, de instalação de 95.966 cisternas de placas; 34.180 cisternas de polietileno; 6.031 cisternas de enxurrada com quintais produtivos; 294 barragens subterrâneas com quintais produtivos e a perfuração de 395 poços profundos, bem como na mecanização agrícola, em que foram entregues 610 tratores com implementos, atendendo 38.794 famílias, com investimento da ordem de R$ 44,2 milhões, além de outros projetos produtivos e sociais – ao todo 256, atendendo 12.139 famílias com R$ 18,7 milhões, o novo governador, assume o Estado, atento ao prognóstico das chuvas e de dando a ordem para cortar os gastos que, na grande maioria das pastas, será de 25%. “Apesar de ter dado algumas chuvas no início do ano, na perspectiva da Funceme, será um ano abaixo da média. Um quarto ano de estiagem será uma situação difícil para o Estado”, admitiu Camilo Santana à imprensa, na última quarta-feira (7), no Palácio da Abolição, antes de estabelecer aos seus secretários o corte nos gastos, para que o governo economize recursos do Tesouro a fim de que no caso de uma seca continuada, o Estado tenha, em caixa, verbas para destinar à área. RELATÓRIOO Relatório da Seca, finalizado pela Assembleia Legislativa do Ceará no final do ano passado, relembra que, nos últimos 33 anos, houve 13 secas no Ceará. Em 2013, a quadra invernosa ficou 37,7% abaixo da média histórica do Estado. Segundo ainda o relatório, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) que monitora 143 açudes no Estado do Ceará, o nível de armazenamento de água bruta, em 24 de junho de 2013, era de somente 44% da capacidade total. Em 26 de novembro de 2013, esse mesmo nível de armazenamento já tinha baixado para 33,5%.Os últimos levantamentos do órgão apontam que 106 açudes cearenses, ou seja, 74%, estão com menos de 30% de água acumulada. Apenas um açude está com mais de 90% de sua capacidade: o Gavião, em Pacatuba, com 92%. “Somente nove açudes no Estado, das bacias dos rios Trussu, Salgado e Jaguaribe, nas regiões do Centro Sul e do Vale do Jaguaribe; e dos rios Acaraú e Coreaú, nas regiões de Sobral e do litoral extremo Oeste, apresentam volume superior a 50% da capacidade de armazenamento, enquanto outros 50 açudes já estão com menos de 10% da sua capacidade de armazenamento”, atesta o relatório. INSUFICIENTEO deputado Welington Landim (Pros), relator da Comissão da Seca na Assembleia, ao apontar os resultados dos estudos na tribuna da Casa, deu conta de que muito do que foi prometido pelos órgãos competentes não foi cumprido. De acordo com o deputado, foram constatadas graves deficiências nas ações de combate à seca, como número insuficiente de açudes decorrentes da falta de máquina perfuratrizes, açudes tapados, outros sem funcionamento por falta de energia, a falta de milho, além da péssima qualidade da água que abastece os municípios. SÓ A DEUS“Além de tudo isso, o que dói é ver nosso gado com o olhar triste, de sede, de fome, e a gente não poder fazer muita coisa”, disse um agricultor Mardonho Silva Rios, 50 anos, proprietário de uma pequena fazenda no município de Marco. “Nossa saída era o milho, que também passamos maus bocados. Uma época tinha nos postos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), outra época não. Enquanto isso, os animais iam morrendo, e a gente só entregava o desespero a Deus”, confessou. Mardonho lamenta ainda a queda do subsídio do milho vendido pela Conab. Até o ano passado, o produto era vendido a R$ 23,00 – atualmente, está custando R$ 32,50. A queda é decorrente de no último dia 31, ter expirado o prazo da portaria que estabelecia o programa, ocasionando a suspensão do subsídio nos postos da Conab. PARCERIASQuanto a problemática que já aflige milhares de pequenos e médio produtores, o novo titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira (PT), anunciou que, na reunião do Comitê Integrado da Seca, marcada para o próximo dia 19, além de marcar uma agenda em Brasília, para que a portaria seja reeditada, mobilizará diferentes segmentos da sociedade, para fomentar e garantir as atuais políticas públicas de convívio à estiagem. “A secretaria tem diversos programas em andamento e muitos recursos que estão constantemente sendo avaliados. Claro que vamos precisar fortalecer muitos programas. Por isso, é importante manter esses contatos em Brasília, para garantir os investimentos”, pontuou.De acordo ainda com o petista, que, apesar de também ter em caixa recursos da ordem de US$ 300 milhões para aplicar nos próximos quatros anos em projetos de abastecimento d’agua, módulos sanitários e projetos produtivos nas cadeias de horticultura irrigada, apicultura, piscicultura e ovinocaprinocultura, (frutos da parceria da SDA e o Banco Mundial), a pasta tem diversos programas e projetos em andamento, como a assistência técnica extensão rural, que ressalta ser fundamental para o fortalecimento da agricultura familiar, o novo projeto de “aguaindustrialização” também da agricultura familiar, em que assegura que será um grande projeto que será enfatizado nesta gestão. “O corpo técnico da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e suas agregadas são eficientes e, de forma competente, estão construindo diversos programas para irmos também em busca de mais recursos e parcerias, que são fundamentais”, enfatizou. BENEFÍCIOSDe acordo ainda com a SDA, a partir deste mês, mais 13.485 agricultores familiares de oito municípios cearenses receberão a primeira parcela do Seguro Safra. Ainda para este ano, 350 mil agricultores estão cadastrados para receber o benefício caso seja confirmada nova perda de safra igual ou superior a 50%. E no programa de cisternas, recursos estão garantidos para a construção de mais 21.970 cisternas de placas para consumo humano e 8.842 cisternas de enxurrada com quintal produtivo, bem como a construção de 451 cisternas cilindradas, fruto da parceria com o Ministério da Saúde, por meio da Funasa.
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