Conforme o Sindicato de Docentes da Uece, as medidas não garantem o fim da greve, pois não contemplam todas as carências da categoria
FOTO: KIKO SILVA
Na tentativa de amenizar o descontentamento de professores e por fim à greve que já dura mais de 100 dias, o Governo do Estado autorizou a abertura de concurso para docentes da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Universidade Vale do Acaraú (UVA). A medida, anunciada, ontem, na primeira reunião entre os profissionais e o governador Camilo Santana, atende a parte das demandas da categoria, paralisada desde setembro do ano passado. Apesar do avanço nas negociações, as iniciativas da gestão ainda não garantiram o retorno das atividades nas três instituições.
A proposta apresentada pelo Governo inclui a realização imediata de um certame com 249 vagas para professores, além de outras 192 para servidores técnico-administrativos. Em caráter emergencial, as reitorias das universidades obtiveram permissão para elaborar o edital dos concursos. A demanda por novos postos é uma das principais reivindicações dos profissionais, que afirmam haver um déficit total de aproximadamente 600 professores acumulado nos últimos anos. Das vagas ofertadas, 120 serão destinadas à Uece, 67 à UVA e 62 à Urca.
Compromissos
Segundo Célio Coutinho, presidente do Sindicato de Docentes da Uece (SindUece), durante a audiência, Camilo também se comprometeu dar andamento à regulamentação o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) dos profissionais e à aprovação da lei que estabelece a classe de professor associado, a qual, conforme ele, está em tramitação na Assembleia Legislativa há mais de quatro meses sem ter ido para votação.
Outros acordos firmados, de acordo com Coutinho, foram a criação de vagas para professor do curso de Ciências Sociais a ser implantado no campus da Uece em Itapipoca, e o encaminhamento da lei de insalubridade e periculosidade, que se encontra na Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
Na visão do presidente do SindUece, as medidas anunciadas pelo Governo são positivas, mas ainda não garantem o encerramento da greve, uma vez que deixam de contemplar algumas carências da categoria, como a contratação de mais profissionais e a aprovação da lei que trata da autonomia de gestão financeira e acadêmica para as instituições.
"Essas 249 vagas criadas não são suficientes para preencher a deficiência que temos hoje. Também não foram discutidas as necessidades que temos a médio e longo prazo. É um conjunto de demandas acumuladas e que não foram cumpridas nas gestões passadas. Por isso, houve a necessidade de entrarmos em greve", disse Coutinho.
Cursos
Na Urca e na UVA, a ausência de professores efetivos está acarretando o fechamento de cursos. "Temos um caso crítico do Teatro das Artes, que só tem quatro professores. Mesmo que as aulas voltem, ele não tem condições de funcionar apenas com esses docentes", afirma Emerson Ribeiro, vice-presidente do Sindicato de Docentes da Urca.
De acordo com Célio Coutinho, a categoria realizará na próxima sexta-feira (9) uma assembleia para discutir os rumos da paralisação. Também está marcada para o dia 14 uma reunião com o titular da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, para debater os pontos que ficaram de fora da pauta da audiência com o governador.
Vanessa MadeiraRepórter