Cerca de 1500 integrantes do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST) reuniram-se na Praça da Imprensa, no bairro Dionísio Torres, na manhã de ontem. A mobilização protestou contra ações de violência nas periferias e assaltos a ônibus, por melhores condições de moradia, maior atenção às famílias despejadas, além da construção de restaurantes populares no Centro de Fortaleza, Maracanaú e Messejana, e reforma do restaurante popular da Parangaba.
Após a concentração, o grupo saiu em passeata pelas avenidas Desembargador Moreira, Antônio Sales e Pontes Vieira. Segurando bandeiras e cartazes, todos seguiram em direção à Assembleia Legislativa, onde foram recebidos por uma mesa diretora. Lá, eles formaram uma comissão para detalhar e discutir as propostas da causa.
De acordo com o coordenador estadual do MTST, Sérgio Farias, foi proposta a criação de um grupo de trabalho de prevenção a despejos forçados em Fortaleza e na Região Metropolitana. “Iremos passar o projeto com nossas reivindicações por escrito”, disse esperançoso de que seja marcada uma audiência pública para que se forme uma mesa de negociação sobre as questões de moradia.
GRUPO DE TRABALHO
Em entrevista ao jornal O Estado, Sérgio Farias disse que o grupo também foi recebido pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Valdetário Monteiro. “Foi muito positivo nosso movimento. A OAB comprometeu-se a compor o grupo de trabalho junto com a gente para nos ajudar a lutar pelo excessivo uso da força aos movimentos que lutam por moradia”, disse.
Sérgio disse, ainda, que o secretário da Regional VI, Renato Lima, informou ao grupo, ainda pela manhã, que um acordo entre a Habitafor, a Secretaria das Cidades e a Regional VI deve garantir a construção de dois conjuntos habitacionais (Conj. Cidade Jardim II e Conj. José Euclides) para abrigar as famílias sem moradias nos bairros José Walter e Jangurussu. “Já temos, também, 400 pessoas do movimento em processo de cadastramento para o acesso à casa própria através do Minha Casa, Minha Vida’’, contou, acrescentando que a luta não irá parar. “Queremos discutir, posteriormente, a questão dos assaltos a ônibus e o alto índice de mortalidade nas periferias da cidade. O Estado tem que intervir socialmente nas periferias. São quase 300 moradores que morrem por mês. Este é um número absurdo”, desabafou.
Segundo o procurador jurídico da Habitafor, Arnóbio Gomes, a ordem de serviço para construção dos condomínios já foi assinada pelo prefeito Roberto Cláudio. “Ao todo, serão 11 mil unidades que serão entregues por etapas para abrigar 400 famílias”. Arnóbio completou afirmando que “a expectativa de entrega das primeiras unidades é até o 20 semestre do ano que vem, mas não se pode dizer ao certo o mês, pois depende muito do cronograma da construtora”, explicou.