Para o deputado Lula Morais o reflexo dessa compra de votos são os muitos problemas de corrupção que temos na administração
FOTO: HELOSA ARAÚJO
Alguns deputados da Assembleia Legislativa do Ceará estão preocupados com o financiamento de campanha que certos candidatos estão tendo no curso das eleições deste ano, que segundo eles, torna o pleito desigual. Por conta disso, mais uma vez, eles clamaram para que haja uma mudança, imediata, na legislação eleitoral, principalmente, no que diz respeito ao financiamento de campanha.
Nos bastidores, alguns deles fizeram referências à matéria publicada pelo Diário do Nordeste, recentemente, dando conta dos preços dos votos para deputado federal (R$100) e deputado estadual (R$80).
"Por que isso está assim? Sabemos nós que empresa não se elege, não se candidata, mas interfere no pleito de forma progressiva", disse Lula Morais (PCdoB), lembrando que tal intervenção das empresas é evidenciada na Câmara Federal. Lá, conforme informou, pelo menos 247 parlamentares são empresários.
"Isso está chegando a uma situação insuportável. Esse elemento importante da política determina muitos dos casos de corrupção que estamos vendo cotidianamente em nosso País. A origem de muitos dos casos de corrupção está vinculada a esse formato de financiamento de campanha que o Brasil, hoje, exercita", atacou.
Morais informou ainda que as candidaturas das causas coletivas, de segmentos como reforma agrária e reforma urbana, além da democratização da mídia, ficam "sufocadas" porque o que predomina são as candidaturas "que ninguém sabe de onde saiu". O deputado afirmou que tem sofrido com as campanhas que recebem o investimento de empresas.
"Se nós tivermos uma maior igualdade no processo de financiamento, nós teremos um jogo jogado com a bola no chão. Quem mobiliza a consciência e a coletividade chega pouco aqui no Parlamento cearense", disse.
Ele lembrou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou, através de sete votos, o fim do financiamento privado de campanha, o que ainda está sob vistas, através do pedido do ministro Gilmar Mendes. Por esse motivo, conforme lembrou Morais, a decisão não servirá para o pleito desse ano.
Lista
Carlomano Marques (PMDB) também se posicionou sobre o assunto, e defendeu uma modificação em todo o processo eleitoral no País. Paulo Facó (PTdoB) afirmou que, antes de se abrirem as urnas, alguns candidatos que nunca disputaram eleições ou fizeram qualquer ação pela população já estão nas rodas de conversas como favoritos.
"De onde surgiram essas pessoas? O que eles fizeram pela população para estarem nessa lista? Isso demonstra o derramamento de dinheiro na disputa, que ninguém sabe nem quanto foi investido, pois não são declarados", afirmou. Já Roberto Mesquita (PV) ressaltou que o problema tem início quando há indicações políticas para os tribunais de contas do Estado, visando, principalmente, conforme disse, a acomodação de aliados.
O deputado Professor Pinheiro (PT) disse ainda que é fundamental que os Tribunais Eleitorais façam uma investigação mais profunda para maior democratização das eleições e evitarem um "derramamento de dinheiro" no Estado. "Infelizmente, alguns poucos ricos vão se eleger sem nunca terem feito nada pela população", concluiu.