Projeto reúne depoimentos de vítimas da ditadura militar no Brasil
FOTO: PAULO ROCHA/AGÊNCIA ASSEMBLEIA
Relatos de prisões arbitrárias, torturas e de militância política durante o regime militar de 1964 a 1985, o período ditatorial mais longo da história do País, foram o tema do sexto encontro do projeto “Memória Oral por Verdade e Justiça” realizado ontem na Assembleia Legislativa do Ceará, cujo tema foi “Ditadura e Família”. “A importância desse evento é para evitar que esses fatos se repitam. Após a Ditadura Vargas, em 1945, deixou-se de lado o resgate da história e em 1964 tivemos a ditadura”, defendeu Mario Albuquerque, conselheiro da Comissão Federal de Anistia do Ministério da Justiça.
O projeto pretende coletar depoimentos de ex-presos políticos e parlamentares cassados do Ceará, visando como resultado final a produção de um documentário. “Diziam que as torturas não eram institucionalizadas, mas é mentira. Quando eu fui presa, levaram-me para o 23º Batalhão de Caçadores (23º BC) onde fiquei 15 dias presa sendo torturada”, relatou a ativista política Maria do Carmo Serra Azul Bezerra.
“No início do regime militar as manifestações contra o governo eram pacíficas, mas devido à violenta repressão, formaram-se grupos de autodefesa, que se tornaram posteriormente os grupos da luta armada”, afirmou a militante.
Manoel Fonseca Serra Azul, médico e militante político, foi preso duas vezes no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) durante o regime militar. Em uma delas ficou 40 dias encarcerado sob tortura. “Sempre tocavam uma campainha sinalizando quando alguém seria interrogado e torturado”, disse Manoel.
Francisco Machado Bezerra Serra Azul, físico e militante político, relatou que foi preso várias vezes e levado ao Departameno de Ordem Política e Social (DOPS).
Rosa da Fonseca, ativista do grupo Crítica Radical, foi presa e torturada durante três meses. Ela recorda que sua mãe teve um papel fundamental durante seu período de prisão. “Ela denunciou a tortura que eu sofria para todos que podia. Escreveu cartas para a Igreja, para o papa, para o ditador do momento”.
O projeto “Memória Oral por Verdade e Justiça” é uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Ceará, por meio do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Ceará (Inesp), em parceria com a Associação 64/68 Anistia e apoio da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça. Serão doze encontros realizados sempre às quintas-feiras, a partir das 9h, no Auditório Murilo Aguiar.
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