A investigação do Ministério Público (MP) sobre crimes contra a Prefeitura de Maracanaú foi tema de discussão na sessão ordinária de ontem, na Assembleia Legislativa. O assunto foi levado ao plenário da Casa pelo deputado Lula Morais (PCdoB) que solicitou esclarecimento sobre as denúncias. “Quem antes me pediu explicações é que precisa dar explicações agora”, disse o parlamentar, em referência a denúncias anteriores contra o PCdoB.
Lula lembrou que, durante a disputa eleitoral de 2012, um dos envolvidos na investigação, o chefe de gabinete da Prefeitura de Maranguape, à época, presidente da Comissão de Licitação do município, Alison Câmara, atacou o PCdoB e aliados com denúncias de corrupção, lembrando que, na época, Câmara cobrou-lhe explicações acerca de seu sobrinho, o empresário Raimundo de Morais, conhecido como Moraizinho – preso pelo envolvimento com irregularidades e desvio de verbas em algumas prefeituras cearenses.
Outro que destacou a ação foi o deputado Júlio Cesar Filho (PTN). Ele defendeu a atuação do MP, ressaltando que o secretário de Saúde, Ciro Gomes, já havia afirmado que existia uma “quadrilha roubando em Maracanaú”. O parlamentar destacou, ainda, que as acusações referem-se à gestão anterior, do ex-prefeito Roberto Pessoa (PR) e, sugeriu que o atual prefeito Firmo Camurça seja destituído do cargo e os pagamentos às empresas investigadas sejam suspensos.
DEFESA
O deputado Roberto Mesquita (PV), por sua vez, saiu em defesa de Roberto Pessoa e acusou Lula Morais de estar agindo por vingança. Ele ainda rebateu as declarações do deputado Júlio Cesar Filho, afirmando que, se as investigações chegarem à gestão de Júlio César, pai do parlamentar, “a coisa vai ficar feia”. Para Mesquita, é muito complicado julgar os outros, sobretudo quando o assunto possui conotação política. “Não é desta forma que se vinga. Tem mais gente nesta lista”, disse. Lula Morais, porém, afirmou não agir por vingança, apenas “estou devolvendo a bola”, disse.
A deputada Fernanda Pessoa (PR), filha de Roberto Pessoa, também saiu em defesa. Segundo ressaltou, a gestão de Pessoa já foi fiscalizada por diversos órgãos de fiscalização sem que nada tivesse sido encontrado. Ela disse que sua família está aberta para qualquer investigação e que “algumas coisas” precisam ser averiguadas na gestão do prefeito Júlio Cesar, lembrando que existe um processo no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, contra ele. A parlamentar ressaltou, ainda, que, desde o dia 18 de março, foi suspenso o pagamento para as empresas que estão sendo investigadas.
FORAGIDO
O Ministério Público do Estado do Ceará deflagrou operação, na última terça-feira, que identificou o secretário de Infraestrutura e vice-prefeito de Maracanaú, Carlos Eduardo Bandeira, como suspeito de liderar esquema de fraude em licitação em cidades da Região Metropolitana de Fortaleza. Segundo as investigações, pelo menos R$ 45 milhões foram desviados dos cofres públicos desde o ano de 2007. O vice-prefeito está foragido da justiça.