Como o desabastecimento os moradores são obrigados a comprar água ao valor de R$ 20,00, mil litros. Ao total, três veículos particulares abastecem o município em um ritmo intenso que começa às 6 horas da manhã.
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Ipaumirim. Os moradores desta cidade, na região Centro-Sul do Estado, enfrentam falta de água. A situação é considerada crítica e tende a se agravar nos próximos meses, pois quatro dos oito poços do sistema de abastecimento do município já secaram. A demanda diária da população é de 56 mil litros por hora, mas somente é fornecido um terço da necessidade.No Ceará, pelo menos cinco municípios estão com as fontes hídricas insuficientes: Antonina do Norte, Caridade, Salitre, Quiterianópolis e Ipaumirim. A previsão da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) é de que o quadro de escassez de água no sistema de abastecimento da população atinja Crateús e Itatira. Em setembro próximo, entram na relação as seguintes cidades: Alcântaras, Baixio, Fortim, Graça, Mucambo, Pacujá, Pindoretama e Umari.
Inicialmente, a falta de água deveria atingir os poços tubulares do sistema de Ipaumirim somente em setembro, mas o quadro antecipou-se. Três poços tubulares e um amazonas já secaram. "Só quatro estão funcionando parcialmente. Não dá para fazer distribuição por áreas, remanejamento, porque simplesmente a água está acabando", explica o gestor de Núcleo da Cagece, Jomar Felinto.
Nesta semana, a falta de água chegou às áreas mais baixas e ao centro da cidade de Ipaumirim, mas há um ano que os moradores do bairro Fazendinha estão sem água nas torneiras. "A situação é crítica na cidade e pior ainda na zona rural que só dispõe de um carro-pipa. Precisamos de pelo menos mais dois carros", diz o presidente da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), Almir Carvalho.
A crise de desabastecimento na cidade foi tema em recente audiência pública na Câmara de Vereadores do município. "O nosso esforço é para encontrar uma alternativa para a falta de água que se agrava a cada semana", diz o presidente do legislativo, Cícero Duarte. "O governo do Estado e a Cagece precisam agir rápido para socorrer os moradores", completa a vereadora, Joselba Alencar Diniz.
O prefeito de Ipaumirim, Wilson Alves de Freitas, cobrou perfuração de poços com urgência no município. "A situação vem se agravando porque os poços secaram rapidamente. Infelizmente, a adutora do Açude Jenipapeiro ainda não foi concluída", explica.
De acordo com o gerente da unidade regional da Cagece, em Juazeiro do Norte, Marcelo Gutierrez, a população deve reduzir o consumo de água e a alternativa de imediato será a perfuração de poços pelo Exército. "A previsão é de que até meados de setembro a sondagem esteja concluída. Em seguida, os poços devem ser perfurados", frisa.
Adutora
Em 2011, o Açude Jenipapeiro foi concluído. O reservatório acumula apenas cinco milhões de metros cúbicos de água. O reduzido volume decorre da seca registrada nesses últimos dois anos. O projeto prevê que o reservatório irá abastecer as cidades de Umari, Baixio e Ipaumirim, mas a adutora que deveria ter sido concluída no ano passado está apenas com 40% dos serviços concluídos.
O supervisor de Obras da Superintendência de Obras Hidráulicas do Estado (Sohidra), Antonio Ribeiro Sales, esclarece que a adutora não foi ainda concluída porque a empresa inicialmente responsável pela obra abandonou o serviço.
"Tivemos que fazer uma nova licitação, mas já estamos trabalhando no trecho e a nossa vontade é terminar o quanto antes. Apesar do nosso esforço, a obra só ficará pronta no início do próximo ano, janeiro ou fevereiro", completa.
A adutora terá 35 km de extensão e vai atender três cidades e o distrito de Pio X. Será construída uma estação de tratamento de água próximo ao reservatório do Jenipapeiro e seis unidades de distribuição. A vazão prevista é de 40 litros por segundo.
Água comprada
Três veículos particulares vendem água para a população do município de Ipaumirim. O ritmo de trabalho é intenso. Começa por volta das 6 horas e se estende até as 19 horas. Mil litros são vendidos por R$ 20,00.
A dona de casa, Maria Josué de Souza disse que não há alternativa. "O jeito é comprar por que não há água nas torneiras. Cada dia que passa, a situação vem piorando", desabafa.
Donos de carros pipa temem que as fontes hídricas atuais, poços, cacimbões e açudes sequem a partir de outubro. "Se isso ocorrer, a água precisa vir de bem mais longe", observa o proprietário de um caminhão pipa, Lindomar de Souza. Poços no riacho serra da areia e no sítio Santa Bárbara abastecem os veículos, atualmente. A distância para o centro urbano é de cerca de 3 km dessas localidades.
O deputado estadual Neto Nunes participou da audiência pública na Câmara de Ipaumirim e assumiu o compromisso de cobrar do governo do Estado ações mais rápidas em socorro aos moradores do município. A vereadora Rosineide Barbosa, proponente da reunião, avaliou que o encontro foi positivo. "Agora conhecemos mais a nossa situação de desabastecimento e cumprimos com o nosso papel de cobrar ações concretas do governo", completa.