O deputado Vasques Landim afirma que a importação de médicos não resolve a falta de estrutura e as más condições de trabalho do SUS
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Os deputados voltaram a discutir a proposta do Governo Federal em importar médicos para trabalhar na rede pública de saúde. Para os contrários a essa ideia, a proposta não ajudará a melhorar a saúde no País se as dificuldades de financiamento no setor continuarem. Na avaliação do deputado Vasques Landim (PR), a presidente Dilma Rousseff, ao propor a medida, expõe os médicos brasileiros como se fossem eles os responsáveis pela inoperância na saúde.
O republicano afirma não ser nenhum segredo que a maioria dos médicos não quer trabalhar na rede pública de saúde porque não tem estrutura e o salário pago é muito baixo. "O valor pago pelo SUS envergonha-nos, por isso os hospitais conveniados estão fechando as portas. O que vão fazer os médicos importados? Vão fazer mágica? Vão fazer milagres? Melhor apelar para as rezadoras", pontuou.
Além dos salários baixos, ressalta, os profissionais encaram postos de saúde e hospitais com más condições de trabalho, pois faltam leitos, vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e até medicamentos. Vasques Landim questionou se a vinda dos médicos estrangeiros vai mudar o quadro. "A classe médica está sendo exposta ao ridículo pelo governo do nosso País", criticou.
Outro ponto que chama a atenção, segundo o parlamentar, é a não obrigatoriedade do revalida, prova que verifica a capacidade do médico em exercer a profissão. "Sem fazer teste da revalidação de diplomas estarão dando a oportunidade e abrindo brechas para que profissionais que não tenham qualificação venham para o Brasil atender os que mais precisam, os que estão nas periferias e Brasil afora", ponderou.
Landim deixou claro que a classe médica e as entidades médicas brasileiras não foram contrárias à importação de médicos, todavia, ele entende que essa medida "não vai diminuir os graves problemas que existem na saúde pública". "Estão querendo tapar o sol com a peneira, esquivar-se das obrigações, esquivar-se dos deveres e, quem sabe, aproveitar esses profissionais como massa de manobra para um projeto de poder", alertou.
Emergência
O deputado Fernando Hugo (PSDB) abordou outro ponto dessa proposta, o fato de o Governo Federal aumentar o tempo de curso de seis para oito anos. O tucano perguntou como será a atuação de um formando que irá atuar por dois anos em uma urgência e emergência de um hospital sem poder pedir exame ou passar a prescrição de um medicamento, já que não terá diploma nem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Na opinião da deputada Mirian Sobreira (PSB), o problema a ser resolvido é o sub-financiamento do SUS e a péssima gestão. Conforme a parlamentar, todo o orçamento da saúde em 2012 foi de apenas 4,05%. Desse percentual, 18% deixou de ser aplicado, segundo ela, por incompetência e má gestão. Para Sobreira, com a importação de médicos, sem o revalida, o Governo Federal estará colocando em risco a saúde da população.
Antônio Carlos (PT) alegou haver muito preconceito em relação aos médicos de Cuba, pois alegam que esses não têm boa formação. Entretanto, o petista destacou que Cuba possui um dos menores índices de mortalidade infantil. Ele lembra que o programa prevê a vinda de médicos portugueses e espanhóis, destacando que outros países já apostaram na iniciativa de importação de médicos.