O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff repercutiu entre os parlamentares de diversos partidos durante a sessão ordinária de ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). O deputado Vasques Landim (PR) criticou algumas propostas apresentadas pela petista. Segundo ele, Dilma ouviu a voz das ruas, mas não compreendeu o recado.
“As vozes que a presidente ouviu certamente não foram às vozes que ecoam com muita força, de que os sistemas de saúde pública brasileira estão falidos e sucateados. E, ainda, cobram dela que fosse tão generosa e célere como foi com as empreiteiras que construíam os estádios Brasil afora”, disse. Ele explicou que as unidades de saúde não possuem condições de atender a população, porque são incapazes de fazer um hemograma ou simples Raio-X.
O líder do PSDB, deputado Fernando Hugo, afirmou que a atitude da presidente foi “destemperada”, pois, segundo ele, a criação de uma Constituinte para tratar da reforma política é “desprovida de qualquer sentido legal”. Para ele, a prerrogativa de discutir o assunto é do Congresso Nacional. O parlamentar louvou a ideia de dar celeridade à atuação dos Tribunais de Justiça. Segundo destacou, antes de tratar a corrupção como crime hediondo, Dilma Rousseff deveria moralizar a atual política brasileira e retirar da Câmara Federal os mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A presidente Dilma Rousseff propôs cinco pactos para nação: responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, mobilidade urbana e educação. Dilma chegou ainda a defender a convocação de um plebiscito popular para atuação de uma Constituinte exclusiva para formulação da reforma política no país.
CORRUPÇÃO
A deputada Mirian Sobreira (PSB) garantiu que o clamor da população é combater a corrupção no país, porém deixou claro que será necessário discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 e, posteriormente, melhorias no serviço público de saúde. “Será que vamos deixar a nossa população mais carente ser atendida por médicos que nem português falam?”, afirmou a parlamentar, que, inclusive, sugeriu que a presidente Dilma Rousseff abandonasse o tratamento realizado por médicos em São Paulo e, assim, fosse tratada por médicos cubanos. Mirian Sobreira, contrária a vinda de médicos de Cuba, defendeu que todos os estrangeiros passem pelo exame de revalidação do diploma.
O deputado Ferreira Aragão (PDT) também considerou que os principais problemas do Brasil, além da corrupção, são a incompetência e a preguiça. “Não nos interessa uma praça linda, se, no posto de saúde ao lado, não tem médico nem remédio”, afirmou.
Já a deputada Dra. Silvana (PMDB) considerou que houve “desvio de foco”. Para ela, Dilma não entendeu a voz das ruas e errou ao sugerir a realização de um plebiscito para criação de uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política. “Acho que, infelizmente, as medidas apontadas faltaram alguns itens importantes”, salientou a parlamentar, ressaltando que se os mensaleiros fossem presos, talvez, a população ficaria mais satisfeita.
A deputada Eliane Novais (PSB) disse que a principal reivindicação da população é haver resposta as denúncias de corrupção, destacando o Ceará. “A corrupção no Ceará acontece e ficam todos impunes. Por isso que a população está nas ruas. Temos a carga tributária elevada e não temos os serviços à altura”, disse.
LAURA RAQUELDa Redação