Fora Collor – o retorno?• Nos corredores da AL, uma jovem senhora, na faixa dos 45 anos, afirmava: “Há 22 anos, eu pintei a cara e fui às ruas, e me juntei à multidão de brasileiros que apeaou do poder, por muito menos do que ocorre hoje, o presidente Collor. Ontem, os meus dois filhos apegavam-se à Internet, alegando apoiar o movimento popular. Mandei-os fazer o que eu fiz, pois a hora é essa de sairmos do sistema em que estamos”. O depoimento, de uma funcionária pública de boa graduação, resume tudo o que sente a maioria dos quase 200 milhões de brasileiros. Há, ao lado de um profundo descontentamento popular, um grande desencanto, como destaca o senador Cristóvam Buarque, porque é doloroso para uma sociedade inteira, assistir à derrubada de governos, ou a aleição intercalada de governos de direita e de esquerda, sem que se consiga implantar um sistema político, econômico e social capaz de oferecer à população a segurança e o equilíbrio que ela necessita e exige. O detalhe mais impressionante, em relação às movimentações do povo nas cidades brasileiras, é a ausência de agitadores de rua como Wladimir Palmeira, de 1988, ou Zé Dirceu, do caso de Collor. Ausentes também, e isso é muito bom, bandeiras identificando partidos “donos” do movimento, que se aparecem, são arrebatadas e retiradas das passeatas. Ante a “falta de cara” da movimentação que avassala o País, a Agência de Brasileira de Inteligência-ABIN, não conseguiu captar-lhe os primeiros passos, e detectar a sua ainda anárquica, mas ameaçadora ação. Os responsáveis por essa situação, que tentem, se puderem, revertê-la.