Comecemos pelos números: R$ 1.84 é o total da economia que o corte das remunerações extras trará para os cofres públicos. Noutras palavras: os deputados cearenses têm gorduras salariais diminuídas, mas passam a receber 75% do salário dos deputados federais, como manda a Lei. Nada mais de 14º e 15º salários... batizados de “ajuda de custo”.
O salário dos deputados estaduais é de R$ 20.042,35 mensais, sem falar nos gastos com o “pessoal de gabinete”. Se estamos considerando salutar a medida, vale salientar o papel do presidente da Casa, Zezinho Albuquerque, articulador de peso, que conseguiu unanimidade. Justificando a medida, frisou que “a folha de pagamento da Assembleia já é bastante enxuta”. Esse detalhe merece uma informação mais substancial: o que é “folha bastante enxuta?”
Pelo que este jornal noticiou, houve redução de 25% no número de cargos de confiança do Senado: a nossa Assembleia seguiu o exemplo? E quantos cargos de confiança existem no Legislativo Estadual? Sem ironia: há espaço nos gabinetes para todos esses ocupantes de cargos de confiança, ao mesmo tempo?
O jornal lembrou que em 2001 Heitor Férrer foi o autor de projeto que extinguiu os 14º e 15º salários da Câmara Municipal de Fortaleza. No embalo da medida, o deputado Heitor louvou o empenho dos parlamentares para melhorar a imagem do Legislativo. Acrescento: boa imagem não cobre apenas o enxugamento de folhas de pagamento de deputado, compreende comparecimento efetivo (há aqueles que assinam folha de presença e saem do plenário: vão para as comissões técnicas? Recebem eleitores e amigos nos gabinetes? Ficam nos corredores batendo papo?) Há deputado que nunca abriu a boca em plenário mesmo para apresentar voto de congratulações...
PS - Fiquei surpresa e chocada com a rejeição ao requerimento de Heitor Férrer convocando o secretário da Segurança Pública, Francisco Bezerra, a comparecer à Casa para prestar esclarecimentos sobre índices de violência no Estado. Ouviram o secretário antes dessa decisão? Não o creio, considerando o “não ter o que esconder” do coronel. O medo era dos deputados de que “verdades” viessem à tona?
Adísia Sá
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