A deputada Raquel Marques (PT) chorou, ontem, na Tribuna da Assembleia Legislativa, ao lamentar a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que faleceu na última terça-feira, 5, vítima de um câncer na região pélvica. O minuto de silêncio realizado em plenário, em homenagem póstuma, atendendo a um requerimento da petista, foi quebrado pelos murmúrios de repúdio do deputado Carlomano Marques (PMDB), que, durante apartes, afirmou estar “envergonhado” de ouvir pronunciamentos a favor do que chamou de “ditador venezuelano”. De acordo com Raquel Marques, o ex-presidente Chávez foi um grande libertário e protagonista da integração latino-americana, “e deixa um legado libertário de valores humanitários e democráticos na Venezuela”. Segundo a petista, “para todos nós que sonhamos com uma sociedade justa, igualitária, para nós que temos o coração do PT, esse legado, essa história, será sempre a lembrança de sua luta, para que nunca possamos retroceder da nossa vontade libertária de igualdade social, justiça e construção de um mundo justo”, disse emocionada. Rachel Marques relatou a visita que fez a Caracas, capital venezuelana, em que, durante um evento político, conseguiu uma aproximação com Chávez. “Fiquei surpreendida com a atmosfera politizada do local, onde os assuntos públicos são tratados nas esquinas e restaurantes, e os camelôs vendem constituições com as novas leis venezuelanas. E as pessoas chegavam para comprar, no sentido de cada vez mais se apoderar de seus direitos e participar do processo revolucionário”, apontou. DEMONIZAÇÃOEm concordância, o deputado Lula Morais (PCdoB) defendeu a revolução bolivarianista (socialismo do século XXI), pregada por Chávez, e ponderou que o presidente venezuelano se transformar numa “demonização” pela mídia, foi ele ter “tirado 2 milhões de crianças analfabetas do País, levou médicos para as comunidades, trazendo-os de Cuba, serviços sociais para periferia, pagando com petróleo, que era usado exclusivamente pelos interesses de uma elite de 10% deles, com os americanos”, afirmou, ressaltando que “Chávez passou a ser demonizado por defender os interesse do seus País, do seu povo”. VERGONHAEm aparte, o deputado Carlomano Marques (PMDB), declarou: “Estou morrendo de vergonha desses discursos, porque Chávez fez a maior humilhação, ele passou quase um ano mentindo descaradamente para a população do mundo, dizendo que estava se recuperando, tungo a constituição muitas vezes para preservar uma ditadura, nomeou duas vezes o número de juízes no Supremo para ter a maioria, fechou a grande imprensa, manietou o Parlamento, se uniu com o que existe de mais atrasado do mundo. Esse homem, a morte física eu perdoou, mas a morte política, deveria ter sido há muito tempo. De acordo com o peemedebista, Hugo Chávez foi antidemocrático e usou do poder para se favorecer. “Querer dizer que um homem desse é democrático, que ele ganhou no voto, é querer fazer todo mundo de besta. Hugo Chávez dentre tantas grosserias democráticas, pegou o Supremo e mudou a Constituição quatro vezes seguidas, com a proposta descarada que a Constituição desse a ele a possibilidade de se eleger indefinidamente. Se isso não é ditadura, é muito parecido com uma”, criticou. O peemedebista afirmou que o fato de o líder cubano Fidel Castro e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, serem considerados dois dos mais próximos de Chávez, diz muito sobre o tipo de liderança exercida pelo venezuelano. “Os dois gurus de Chávez eram o psicopata esclerosado do Fidel, que há mais de 50 anos sufoca todas as tentativas de liberdade de expressão em Cuba, e um fundamentalista demente do Irã. O que faz de Chávez um filhote dos mais perversos ditadores que existem. É esta a democracia que o deputado Lula Morais quer defender?”, indagou Carlomano. (Rochana Lyvian, da Redação).