O deputado Lucilvio Girão (PMDB) disse ontem, em pronunciamento na Assembleia Legislativa, aprovar o maior rigor da lei seca, mas fez ressalvas a alguns pontos da matéria. O parlamentar afirmou que considera exagero o fato de agora ser considerada infração gravíssima casos em que o bafômetro apontar a partir de 0,05 miligrama de álcool por litro de ar. Para o deputado, a medida é exagero e teria finalidade de "meter a mão no bolso das pessoas". A resolução 432, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), determina também multa e suspensão da habilitação por um ano. O Departamento Estadual de Trânsito no Ceará (Detran-CE) e a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registraram, durante o Carnaval 2013, três mortes nas rodovias estaduais, o que representa uma redução de 67% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 9 mortes. Segundo o peemedebista, essa nova resolução tem apenas 70% de seu voto favorável, acrescentando que defende o aumento da multa, que passou de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. No entanto, em se tratando da redução da quantidade de álcool no sangue para comprovação, através do bafômetro, que foi reduzido de 6 decigramas por litro de sangue para 0,05 miligrama, a fim de que se constate a embriaguez, ele se disse contrário. Na sua visão, a diretriz serviria apenas para "meter a mão do bolso das pessoas". O deputado Lucilvio Girão, que é médico, apresentou suas ponderações, explicando os motivos de ser contrário à essa nova proposta, que foi responsável, segundo órgãos de segurança, por 67% de redução no número de acidentes fatais nas rodovias do Estado do Ceará no último feriado. Bafômetro De acordo com ele, muitas pessoas, hoje, por questões de higiene, utilizam antissépticos bucais, e o álcool constado em alguns desses materiais pode ser acionado durante utilização de bafômetro pelos condutores de veículos. Um bombom de licor, lembrou, também pode acusar a existência de álcool, o que pode multar o motorista. Segundo informou, alguns remédios homeopáticos, que são metabolizados com álcool, também correm esse risco. "Eu sou contra essa história de álcool zero no trânsito. Uma pessoa vai em um casamento e toma um champanhe na entrada e vai acusar o uso de álcool. E aí?", questionou o deputado. E pontua: "Um copinho de champanhe não vai deixar ninguém bêbado. Eu bato palmas até certo ponto para esse projeto. Mas, por outro lado, sou contra", explicou o deputado Lucilvio Girão, antes de terminar o seu pronunciamento na Casa Legislativa.