Luizianne Lins: "Acho que já devia ter migrado todo o custo dela (da festa) para a iniciativa privada"
FOTO: EDIMAR SOARES
O rumo de pelo menos 1,5 milhão de fortalezenses e turistas que participam há sete anos da festa de réveillon promovida pela Prefeitura no aterro da Praia de Iracema, Messejana e Conjunto Ceará será definido hoje. Após assinar os decretos de tombamento definitivo de dez bens histórico-culturais da Capital ontem, a prefeita Luizianne Lins (PT) revelou que, “concretamente, até amanhã (hoje), o Governo toma a decisão” (de realizar ou não as festas). A data coincide com a da divulgação da empresa vencedora do processo licitatório para a montagem da estrutura necessária à realização dos shows (ainda sem atrações definidas) nos três polos. E antecede em um dia a abertura dos envelopes com propostas de empresas interessadas em realizar a queima de fogos. “Tempo hábil (para organizar tudo), há. Mas, antes disso, tem que haver a decisão política de se construir esse momento ou não. E eu acho que o próximo prefeito (Roberto Claudio/PSB) tem que ter a liberdade de decidir se vai manter ou não (o Réveillon). Esse debate é político também”, afirmou.
Luizianne chegou a citar a possibilidade de uma nova greve da Polícia Militar ser deflagrada - a exemplo do ocorrido no Réveillon passado - como condicionante para a realização do evento deste ano. Desde outubro, a categoria ameaça parar. Ponderou ainda que, por ser de grande porte, o evento articula cerca de dez secretarias de forma simultânea. “Imagine eu estar deixando o Executivo Municipal e não ter segurança para comandar todas essas secretarias... Deixo de ser prefeita à meia-noite do dia 31. De fato, não me sinto com legitimidade para comandar uma festa desta natureza. Do ponto de vista institucional, não vou ter mais autoridade de prefeita para comandar.”
Apesar da indefinição, a petista assegurou que “está tudo correndo normal” nas negociações com artistas. Mas sugeriu aos preocupados com a festa que façam uma força-tarefa em prol da realização dela. “Acho que já devia ter migrado todo o custo dela (da festa) para a iniciativa privada. Devia haver uma articulação do trade turístico para que os empresários possam conduzir, a partir de agora, junto com o poder público”, disse.
A prefeita também apontou como condicionante à realização do Réveillon o fato de ter sido sistematicamente atacada em anos anteriores e, agora, não ter como defender-se de possíveis críticas. “Termina a festa, eu fico me defendendo até chegar a próxima. Quem vai me defender? Só me faltava terminar o governo sem poder me defender e estar sendo acusada por A, B, C ou D. Por que tenho que passar por isso? Tenho que ter a certeza de que o Governo do Estado vai me respeitar - e não tem sido essa a prática do Governo - e vai levar a sério a política de segurança pública no dia do Réveillon.”
Ao O POVO, a assessoria de Roberto Claudio informou que o prefeito eleito comprometeu-se com a manutenção de festas como Pré-Carnaval, Carnaval e Réveillon. Já a Coordenadoria de Imprensa do Estado disse ser constitucional a obrigatoriedade de o Executivo garantir segurança à população em eventos de grande aglomeração. ENTENDA A NOTÍCIA
Empresa vencedora da licitação para montagem dos palcos será conhecida hoje, mesmo diante do risco de a festa não acontecer. Para amanhã, está prevista a abertura dos envelopes com propostas financeiras para a queima de fogos.