Os dias que antecederam a votação de ontem em Fortaleza já indicavam o clima que marcaria a votação. O que aconteceu nesse domingo, com prisões e confusão, apenas confirmou a expectativa de uma eleição tensa a partir da falta de compostura das principais lideranças das duas candidaturas. Diante da disputa pessoal entre a prefeita Luizianne Lins e o governador Cid Gomes, com acusações mútuas, o que esperar do eleitor? Passada a eleição, todavia, a questão que se coloca agora é que a prefeita de Fortaleza e o governador do Ceará não podem levar para o campo institucional essas rusgas que parecem, ao primeiro momento, insuperáveis.
A julgar pelo que se viu ontem após a confirmação da vitória de Roberto Cláudio, vai ser preciso muito jogo de cintura dos bombeiros dos dois partidos para que, pelo menos, haja transição de governo tranquila. Luizianne, no entanto, precisa entender que ainda é a prefeita e não pode manchar sua biografia colocando dificuldades para a nova gestão que vai assumir. Superado esse momento da transição, daí para frente os prognósticos não são nada bons. Apesar de tudo ser possível em política, será um tiro no pé o PT voltar a compor aliança com o PSB para as eleições de 2014. Primeiro porque, se aceitar, terá que ser nas condições impostas pelo partido do governador. Segundo, porque estará negando tudo que pregou na eleição. Nesse sentido, ou o PT assume de vez que é oposição a Cid e já se prepara para o embate pelo governo, ou corre o risco de ficar menor politicamente. O problema é que o partido terá que reaprender a ser oposição após quase uma década de defesas intransigentes tanto na esfera estadual quanto na municipal, o que não é fácil. Como disse certa vez o senador Antônio Carlos Magalhães, é sempre melhor apanhar de cima do que bater de baixo. Do lado do governador, não devem faltar acenos ao PT para que se mantenha na base aliada, acrescida de PCdoB, PDT, entre outros. Sem contar que há no PT gente defendendo a permanência da aliança. O resultado de ontem, portanto, nos reserva muitas emoções nos próximos dois anos. Luiz Henrique Campos, editor-adjunto de Conjuntura