Mesmo com as precipitações deste ano, os principais açudes do Estado ainda não receberam carga suficiente para melhorar a situação hídrica
( Foto: Honórito Barbosa )
A apreensão por um possível colapso hídrico no Estado tem gerado uma série de discussões por parte do poder público e sociedade civil. Apesar dos números positivos da quadra chuvosa, os açudes no Ceará continuam abaixo do nível ideal. O maior deles, o Castanhão, principal abastecedor de Fortaleza e Região Metropolitana, atualmente conta com apenas 5,93% de sua capacidade. A transposição das águas do Rio São Francisco é uma das alternativas que tem gerado mais esperança, porém, entraves burocráticos por conta de processo licitatório afastam a chance de uma solução mais breve.
Para discutir esses temas e outros problemas da crise hídrica no Estado, a Comissão de Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa do Ceará realizou ontem uma reunião com parlamentares da casa, além de representantes da bancada cearense no legislativo federal e de membros da secretarias de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Econômico do Ceará, Dnocs, entre outras instituições do Estado.
Os prazos e a situação atual do processo licitatório para a conclusão do trecho do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco e a delimitação dos municípios que participam do semiárido nordestino dominou o debate. Dentre os encaminhamentos estão: a formação de um grupo técnico da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Deputados para uma criação de uma agenda sobre a crise hídrica no Estado; o agendamento de uma audiência em Brasília com a pauta da estiagem; e a pressão por um novo concurso público para o Dnocs, que se encontra em situação de defasagem de recursos humanos.
Representando o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, Wanderley Guimarães informou que o Ceará está com 22 açudes secos e 46 em volume morto, além de 14 municípios em situação mais crítica. "Além da esperança por mais chuvas, a perfuração de novos poços e instalação de adutoras são por enquanto as alternativas mais viáveis para diminuir o impacto da estiagem. Em março, superamos o aporte dos anos anteriores, mas não ainda não foi necessário para ter um aumento significativo em nossa capacidade. A situação dos municípios no sul do Estado são mais criticas", destaca Wanderley.
Retomada
De acordo com o deputado federal Raimundo Matos, presidente da Comissão Externa da Transposição do São Francisco na Câmera Federal, o foco principal no momento é conseguir celeridade na retomada das obras para que o Ceará também seja contemplado com o projeto. Já o deputado Carlos Matos, presidente da Comissão, defende que não há mais prazo hábil para atrasos sobre a obra de transposição do São Francisco. "Tão importante quanto recursos é a velocidade. Além do São Francisco, existem outras ações como a perfuração de novos poços, estimulo ao reúso e campanhas educativas sobre o desperdício".