O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) cumpre agenda em Fortaleza desde a manhã de ontem quando participou de conferência internacional no Hotel Praia Centro. Hoje ele participa de reunião com o diretório estadual do PPS na Assembleia Legislativa e almoça com associados e dirigentes da Federação das Indústrias do Ceará.
Em entrevista ao Diário do Nordeste o senador lamentou que o Brasil esteja perdido nas aparências, sem saber onde quer chegar nas próximas décadas. . "O presidente do Senado aparece em gravações que, não são como outras que já vimos por aí, mas são comprometedoras. E tem algo mais grave, quando Sérgio Machado, um dos delatores da Lava Jato diz que somente cinco senadores não estão envolvidos. E os outros? Está na hora de pedirmos que seja apurado quem são esses cinco honestos e mostrar os outros 76. Deixar isso passar em branco vai desmoralizar mais ainda".
Questionado se episódios como esse podem interferir no resultado final do impeachment, ele diz acreditar que diretamente não, mas se continuar a acontecer, poderá sim, mudar o rumo do processo no Senado. "Por isso achei errado o presidente interino ter colocado em seus ministérios algumas pessoas suspeitas na Lava Jato.
O senador acredita que quanto antes se finalizar o processo de impeachment melhor, mas prega a necessidade de agir sem precipitação. "Deve seguir todo o rito de defesa dela. Sou um dos que no Congresso defendem que ela deveria ir fazer a própria defesa, não mandar advogado.
Leviandade
Seria melhor ir a televisão, passar tudo o que sente e pensa". Ele aponta que nos bastidores do Senado há rumores de que a presidente vem tentando dialogar com "alguns senadores" na busca de votos contra o afastamento definitivo. "Há quem diga que ela está ouvindo os senadores, mas nunca nos escutou. O pior é que os petistas do Senado nunca nos escutaram".
O senador tem uma visão pessimista do Parlamento pela "leviandade", ali existente. "No Brasil de hoje a leviandade tomou conta e tratam como se fosse torcida de futebol, onde ou torce para o Ceará ou para o Fortaleza. A presidente cometeu ou não o crime? Eu tenho direito de ter dúvida e refletir sobre isso. Mas dizem que é estar em cima do muro. Na verdade deveria mesmo ficar em cima do muro até saber para que lado você pula. Hoje você pula conforme a bandeira". Outra característica do Congresso, segundo ele, seriam as decisões por interesse próprio. "Querem tirar vantagem própria" em tudo.