Os quatro candidatos à vaga cearense no Senado – Tasso Jereissati (PSDB), Mauro Filho (Pros), Geovana Cartaxo (PSB) e Raquel Dias (PSTU) – participaram ontem, no Grupo de Comunicação O POVO, do primeiro debate para o Legislativo nestas eleições. No centro da discussão, os governos Cid Gomes (Pros) e Dilma Rousseff (PT), que viraram alvo de incisivos ataques e defesas entre os concorrentes. Embora o tom tenha sido de cordialidade na maior parte do programa, a temperatura subiu quando Tasso foi para o centro dos questionamentos.
Mauro Filho perguntou por que o tucano é contra a presidente Dilma. “Não sou contra ninguém, sou contra atual governo do PT, que está levando o País à bancarrota”, respondeu Tasso. Na réplica, Mauro defendeu o que chamou de “governo dos trabalhadores”, e foi confrontado, na tréplica, com uma ironia do ex-senador. “Infelizmente os publicitários da presidente Dilma ainda não lhe viram falando, porque seria contratado para ser garoto propaganda do programa do PT”, disse.
O tucano – que participava ontem de seu primeiro debate desde que foi eleito governador pela primeira vez, há 28 anos – também foi confrontado pela candidata Raquel Dias, que apontou o fato de ele ter a segunda maior fortuna declarada entre os candidatos no Brasil e Indagou se sua dita “independência” na campanha não viria do fato de ele ser “chefe de si mesmo”. “Por esse patrimônio é que eu me considero mais independente ainda”, afirmou ele. Geovana Cartaxo, por sua vez, lembrou, em forma de crítica, que o ex-senador é a favor da redução da maioridade penal. “Essa é a diferença entre mim e o senhor”, disse ela.
Em outra frente, o ex-secretário da Fazenda do governo Cid e membro da base aliada de Dilma no Ceará, Mauro Filho, teve de responder a críticas relacionadas à educação, segurança pública e exportações do Estado. “Pretendo reduzir impostos para empresas que vão receber dependentes químicos”, disse Mauro à Geovana Cartaxo.
Em resposta a Tasso – que o havia questionado sobre a “estagnação” das exportações no Ceará e sobre os tratados comerciais nacionais que privilegiariam países da América do Sul, em prejuízo ao Porto do Pecém –, Mauro afirmou que o Ceará tem a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do País e destacou ações do governo Cid para ampliar as exportações cearenses.
A candidata do PSTU, Raquel Dias, criticou, dentre outros temas, o modelo de grandes obras do governo Cid e o projeto de transposição do rio São Francisco, do Governo Federal. Já Geovana recriminou modelo de desenvolvimento regional do Governo do Estado. “O governo que você defende fomentou a construção de estradas e o mercado automobilístico. O modelo é consumista”, disse ela, a Mauro Filho.
O debate da TV O POVO durou cerca de uma hora e meia, e foi transmitido pela rádio O POVO/CBN e pelo portal O POVO Online. Cada candidato ficou no centro da roda durante um bloco, formato que proporcionou discussão mais direta entre os participantes.
De acordo com a última pesquisa O POVO/Datafolha, divulgada em 16 de agosto, Tasso lidera a corrida para o Senado com 53%, seguido por Mauro (18%), Raquel (5%) e Geovana (3%).
Bastidores
Dos candidatos ao governo estadual, o único a comparecer à TV O POVO para acompanhar sua aliada foi Ailton Lopes (Psol), que disputa em chapa com Raquel Dias (PSTU) para o Senado.
Antes do início do debate, quando os candidatos já estavam posicionados, a televisão instalada no estúdio da TV OPOVO mostrou propaganda de Moroni Torgan, candidato a deputado federal pelo DEM.
Embora veterano na política, Tasso Jereissati estranhou. “E tem propaganda hoje (domingo)?”, perguntou o tucano, sendo então informado pela produção de que era apenas uma inserção.
Os assessores dos candidatos acompanharam o debate, numa sala reservada, em quase total silêncio. Passaram praticamente todo o tempo fazendo anotações em papel e lendo e digitando nos telefones celulares.
Depois do debate, após dar entrevista coletiva, Tasso entrou com sua equipe no Espaço O POVO de Cultura & Arte e gravou depoimento que será enviado à campanha do candidato ao PSDB a presidente da República, Aécio Neves.
Em coletiva depois do debate, Ailton Lopes criticou “contradição” de Geovana Cartaxo. “Geovana disse que não está ligada a grandes estruturas econômicas, mas vale lembrar que o Itaú, um grande banco, está apoiando a Marina”.
Ao deixar a sede do Grupo de Comunicação O POVO com o vidro do carro abaixado, Mauro Filho acenou sorridentemente para os militantes que, na calçada, empunhavam bandeiras de Tasso e Eunício Oliveira (PMDB).
Já Raquel Dias e Ailton Lopes aproveitaram a presença de militantes do PSTU e do Psol na calçada do Grupo de Comunicação O POVO para fazer um minicomício depois do debate, discursando num microfone ligado a uma pequena caixa de som.