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Sexta, 29 Agosto 2014 06:38

Coluna Política

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  Após a redemocratização, eleições para presidente e governadores passaram a ser realizadas juntas a partir de 1994. Desde então, quase sempre o eleito para administrar o Ceará foi quem teve o apoio do vencedor na sucessão nacional. Quase sempre, porque isso só não ocorreu em 2002. Em 1994 e 1998, Foram eleitos juntos Tasso Jereissati no Estado e Fernando Henrique Cardoso (ambos tucanos) no plano federal. Em 2006 e 2010, Cid Gomes (pelo PSB) venceu para o governo apoiando, primeiro, Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, Dilma Rousseff (os dois do PT). Em 2002, não é que tenha havido deslocamento entre as disputas. O candidato de Lula no Ceará – José Airton Cirilo (PT) – perdeu para Lúcio Alcântara (PR), mas seu desempenho foi impressionante. Forçou um inesperado segundo turno e protagonizou a mais apertada eleição estadual da história. Com o mote “Lula lá, José Airton cá”. O que quer dizer que, se em outros estados já houve exemplos de campanhas desatreladas da disputa nacional, o Ceará não conheceu essa realidade no pós-ditadura militar. A disputa pelo Palácio do Planalto sempre foi fator determinante na escolha do governador. Nesse século ainda mais que na década de 1990. Como tenho dito, na política nada indica que o futuro será como o passado. E essas eleições têm características absolutamente próprias. Mas é fator que não pode ser desconsiderado. É provável que seu impacto seja bem menor em 2014. Mas a influência dificilmente será nula ou perto disso. Os candidatos a governar o Ceará sabem desse fator determinante, a ponto de os dois mais bem colocados nas primeiras pesquisas – Eunício Oliveira (PMDB) e Camilo Santana (PT) – brigarem pela imagem de “candidato da Dilma”. A presidente teve vantagem avassaladora na eleição de 2010 e mantinha folgada liderança nas pesquisas no Estado também neste ano. Pelo menos até a morte de Eduardo Campos (PSB). MARINA JÁ MOSTROU FORÇA EM FORTALEZAMarina Silva (PSB/Rede) já havia mostrado força em 2010, principalmente em Fortaleza. Alcançou 31% dos votos na Capital, mais de 10 pontos percentuais a mais que a média nacional. Era um nível de apoio fora da curva, num momento em que ela não era tão forte. Agora, sinalizando muito mais força – ao menos neste momento – é natural que sua influência seja ainda maior. Até porque, na Capital, já há uma tendência de alguns segmentos - bem numerosos, até - procurarem candidatos que sinalizem algo diferente do que está posto. Foi assim com a própria Marina, em 2010, com Heitor Férrer (PDT) na campanha municipal de 2012, para não ir mais longe no tempo. Há, em Fortaleza, um eleitorado afeito a candidato com aparência de outsider, com ar de alternativo. O efeito Marina, em função de a candidatura ter sido oficializada há apenas uma semana, não se reflete ainda nos estados. Algum impacto terá, embora seja difícil mensurar qual e de que forma. Mas o natural é que, como fez com a disputa presidencial, acrescente algum teor de bagunça na lógica que estava traçada.
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